
O dólar à vista fechou a sessão desta quarta-feira, 2 de outubro, com uma queda de 0,75%, cotado a R$ 5,42. Este foi o menor valor registrado desde agosto. A valorização do real frente ao dólar aconteceu sem um fator único que explicasse a mudança, sendo impulsionada por uma combinação de juros elevados no Brasil, o bom desempenho das commodities, como minério de ferro e petróleo, e dados econômicos fracos da economia dos Estados Unidos.
Durante o dia, o dólar oscilou entre R$ 5,4812 e R$ 5,4162. Essa tendência de queda também foi observada em outras moedas da América Latina, com exceção do peso mexicano. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a outras moedas fortes, caiu para 96,700 pontos.
### Selic em 15% atrai investimento
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, reafirmou em um evento que a taxa Selic deve se manter em 15% por um período prolongado. Taxas de juros altas tornam o Brasil um destino atraente para operações conhecidas como “carry trade”, onde investidores pegam dinheiro emprestado em moedas com juros baixos para aplicar em ativos que oferecem juros mais altos, como é o caso do real.
A gestora Ibiuna Investimentos também aponta que, além da Selic elevada, o clima político, que sugere um aumento da possibilidade de alternância no poder nas eleições de 2026, está contribuindo para a valorização da moeda brasileira. A gestora continua otimista em relação ao real e outras moedas de países emergentes.
### Câmbio flutuante e cenário político
Nilton David destacou que o regime cambial brasileiro é flutuante, o que significa que o Banco Central só deve intervir em situações que causem distorções no mercado. Ele ressaltou que as variações do câmbio são influenciadas principalmente pelo desempenho do dólar no exterior.
No cenário interno, a disputa entre o governo e o Congresso a respeito da reversão do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) não parece ter afetado a percepção de risco dos investidores. Reginaldo Galhardo, da Treviso Corretora, mencionou que, se o panorama político não se deteriorar, o dólar pode recuar ainda mais, potencialmente chegando até R$ 5,30. A disputa está sendo analisada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que poderá buscar uma conciliação entre os Poderes.
### Dados dos EUA e expectativas sobre juros
No exterior, a queda do dólar foi acentuada pela divulgação de dados que mostraram um desempenho fraco do mercado de trabalho nos Estados Unidos. De acordo com informações da ADP, o setor privado dos EUA registrou a perda de 33 mil empregos em junho, em contraste com a expectativa de criação de 115 mil vagas.
Os investidores agora aguardam um relatório oficial sobre o emprego, conhecido como payroll, que será divulgado na próxima quinta-feira, 3 de outubro. Esse relatório deve ajudar a moldar as expectativas sobre a política de juros do Federal Reserve, o banco central americano. Em uma declaração recente, o presidente do Fed, Jerome Powell, indicou que a possibilidade de um corte nas taxas de juros ainda este ano não está descartada.