Sergio Berni, senador e ex-ministro da Segurança na Argentina, reside em San Carlos de Bariloche, mas continua a desempenhar funções importantes em La Plata. A distância de 1.500 km entre as duas cidades faz com que Berni viaje frequentemente, utilizando, na maioria das vezes, passagens aéreas da Câmara de Deputados, que são obtidas através de sua esposa, Agustina Propato, uma deputada.
Este ano, Berni já utilizou pelo menos 29 passagens aéreas oficiais, principalmente para conectar Bariloche a Buenos Aires. Além disso, ele realizou viagens de ida e volta em um único dia. A maioria desses voos foram para atender compromissos entre as duas cidades, com exceção de uma viagem a Calafate em janeiro.
Agustina Propato também viaja com frequência para Bariloche e já adquiriu 22 passagens aéreas para si e seu filho. Ela é de Zárate, mas representa a província de Buenos Aires e participa de várias comissões na Câmara. Neste ano, Propato solicitou um total de pelo menos 60 passagens, a maioria delas com destino a Bariloche.
O estilo de vida dos Berni começou durante a pandemia, quando Berni foi nomeado ministro e começou a investir na cidade de Bariloche. Ele comprou propriedades, incluindo um grande terreno e apartamentos na avenida Bustillo. Entre suas aquisições, há uma casa na península San Pedro avaliada em um milhão de dólares, que possui segurança e acesso ao lago Nahuel Huapi.
Os imóveis de Berni não foram mencionados em suas declarações patrimoniais, o que gerou polêmica. Um programa televisivo revelou que ele havia aumentado significativamente seu patrimônio em pouco tempo, acumulando propriedades sem declarar.
As viagens regulares de Berni para Bariloche têm levantado questões sobre o uso de passagens oficiais. Em 2023, sua esposa concedeu-lhe mais de 40 trechos aéreos para essas viagens. Ele defende o uso dos passagens dizendo que é seu direito como deputado e que as utiliza para trabalhar com a esposa.
Berni comentou que muitos de seus voos ocorrem durante o verão, quando as atividades do Congresso são reduzidas. Ele confirmou que tem planos de se mudar definitivamente para Bariloche e de continuar sua atividade política na região.
Atualmente, ele está no Senado até 2027 e também ocupa o cargo de reitor de uma universidade vinculada à segurança pública. Apesar das críticas sobre suas viagens, Berni argumenta que as passagens são uma parte legítima das prerrogativas de um deputado e que não há ilegalidade em sua utilização.
Os passagens aéreas utilizadas pelos deputados são classificadas em “nominados”, que são para uso pessoal e devem ser informados, e “innominados”, que podem ser usados à discrição e não são registrados publicamente. Isso permite que deputados como Propato utilizem suas passagens para familiares e amigos sem que essas informações sejam divulgadas.
A complexidade do sistema permite uma série de combinações de viagens que podem ser utilizadas para acumular passagens, frequentemente utilizadas para férias em grupo. A legalidade e a transparência deste sistema ainda estão sob questionamento, e pedidos para divulgar informações sobre passagens innominadas têm sido negados pela Câmara de Deputados, que alega que esses dados não precisam ser apresentados publicamente.
Enquanto isso, Sergio Berni e Agustina Propato continuam a viajar livremente entre Buenos Aires e Bariloche, aproveitando as vantagens de serem deputados e senador no uso das passagens.
