
No último sábado (18), Times Square, um dos pontos turísticos mais emblemáticos de Nova York, ganhou um novo significado ao se tornar palco de um protesto contra o governo de Donald Trump. Em vez das conhecidas personagens da Disney e super-heróis, a área foi invadida por nova-iorquinos que expressavam sua indignação. Muitos usavam fantasias de unicórnios, carregavam cartazes coloridos e se reuniram em família para pedir mais direitos e o fim do autoritarismo. Um dos cartazes dizia: “Tenho orgulho do meu país, mas vergonha do meu governo”.
Este protesto fez parte de uma iniciativa chamada “No Kings”, que mobilizou pessoas em mais de 2,6 mil cidades dos Estados Unidos e até em capitais europeias. O significado do nome, “Sem Reis”, reflete uma preocupação com a concentração de poder nas mãos de Trump, que é acusado de tendências autoritárias.
Os organizadores do evento, assim como grupos de direitos humanos, prepararam orientações para que os participantes soubessem como protestar dentro da legalidade e evitar conflitos com a polícia. O clima nas ruas foi marcado pela paz e pela criatividade, com muitos exaltando mensagens como “O amor vence” e “Unidos pela democracia”. A atmosfera recordava uma celebração antecipada de Halloween, com fantasias inventivas e famílias se divertindo pelas ruas.
Entre os manifestantes, um homem vestido de unicórnio destacou-se ao afirmar que os unicórnios simbolizam paz e liberdade, em contraste com as atitudes de Trump. Ele mencionou que sua fantasia era uma forma de protestar e que queria transmitir a ideia de que não precisamos de “reis”.
Outro casal de jovens, identificado como KJ, se juntou à marcha com placas que clamavam: “As pessoas unidas podem derrotar os bilionários”. Eles compartilharam que decidiram participar do movimento devido à crescente injustiça que observam ao seu redor. Um deles comentou que conversas com apoiadores do governo têm sido infrutíferas, levando-os a escolher a manifestação em grupo como meio de protesto.
Os manifestantes expressaram preocupações diversas, incluindo a defesa dos direitos civis, a divulgação de documentos relacionados ao caso Jeffrey Epstein — no qual Trump é mencionado — e a oposição às deportações em massa. Jen Smith, uma bombeira e reservista do Exército, enfatizou a necessidade de tornar públicos os documentos de Epstein, sugerindo que membros do Congresso e do Senado estariam protegendo figuras poderosas.
Ela também expressou frustração com a paralisia política em Washington e criticou a administração por alocar recursos federais em segurança ao mesmo tempo em que veteranos e militares enfrentam dificuldades. Apesar do clima de tensão em outras cidades — como Chicago, onde a Guarda Nacional foi mobilizada —, Jen acredita que Nova York demonstrará resistência.
A atriz Gabra Zachman, que participava do protesto, se mostrou preocupada com a militarização do país e a maneira como o governo federal tem agido contra cidadãos. Assim como Jen, muitos manifestantes expressaram o temor de que a tensão vista em Chicago pudesse se espalhar, mas mantinham a esperança de que Nova York permaneceria unida.
O evento atraiu a participação de muitas famílias, transformando o protesto em um ato que representava uma nova geração. Mitch Shrager, que estava com sua filha de 13 anos, destacou a importância de lutar por um futuro com mais direitos.
Muitos participantes, apesar da insatisfação, expressaram esperança em relação ao futuro político. Gabra mencionou que até veículos tradicionalmente próximos ao governo Trump começaram a reconhecer as falhas nas ações do governo, o que, para ela, é um indício de que a mudança pode estar a caminho.
Para Jen Smith, o crescimento do movimento é um sinal positivo. “Cada vez que voltamos às ruas, somos mais. As pessoas estão despertando para o que está acontecendo”, concluiu, reafirmando o potencial de mudança que os protestos podem trazer.