Israelenses roubam colheita de palestinos na Cisjordânia

Colheita de Oliveiras na Cisjordânia Enfrenta Desafios e Violências

Ruayda Rabah, que nasceu e cresceu no Brasil, se mudou para a Cisjordânia em 1999 para cuidar das terras da família. Sua família é de origem palestina e, desde então, ela tem presenciado o agravamento da situação de seu povo, com a ocupação israelense avançando constantemente.

Neste ano, a situação se tornou ainda mais crítica. Ruayda e outros moradores de seu vilarejo foram proibidos de realizar a colheita anual de oliveiras, uma das principais fontes de sustento para famílias palestinas. Durante o período de colheita, que começou oficialmente no início de outubro, Ruayda relata que colonos israelenses, muitas vezes com a conivência de soldados, realizaram diversos ataques, impedindo a colheita e até roubando as oliveiras.

As oliveiras não são apenas uma cultura, mas um símbolo da identidade palestina, sustentando cerca de 100 mil pessoas. Elas são centenárias e cultivadas para serem colhidas por gerações, representando uma conexão profunda com a terra. A colheita, esperada com ansiedade, gera renda para muitas famílias, que dependem da venda de azeite e outros produtos derivados.

Ruayda informou que, devido às restrições e à violência, a renda das famílias caiu cerca de 80% neste ano. Muitos agricultores não conseguiram sequer arar ou cuidar de suas plantações. "Muitos não tiveram azeite nem para consumo próprio", destacou, lamentando que colonos invadiram suas terras e colheram as azeitonas.

Em relação à sua trajetória, Ruayda explicou que veio para a Cisjordânia após o falecimento de seu pai, com o intuito de cuidar das terras da família que estavam se deteriorando. Ela permanece na região desde então, sempre atenta às dificuldades enfrentadas pelos agricultores locais.

Os ataques de colonos e forças de segurança têm aumentado, especialmente após o dia 7 de outubro de 2023, com a intensificação das invasões e a expansão de assentamentos judaicos nas proximidades. Ruayda observou que as investidas ocorrem frequentemente, inclusive dentro da cidade onde mora, com agressões a moradores e destruição de propriedades. Ela descreveu a situação como extremamente preocupante, onde a população civil, desarmada, enfrenta grandes riscos.

A ajuda também tem chegado de entidades que apoiam grupos de mulheres agricultoras, oferecendo sementes nativas e ensinamentos sobre cultivo. No entanto, a proximidade dos assentamentos tem causado sérios problemas, como a contaminação das terras por esgoto, que afeta a fertilidade do solo.

A colheita deste ano foi considerada fraca, tanto pela escassez de chuvas quanto pelo acesso restrito aos olivais. Ruayda finalizou ressaltando a gravidade da situação e a urgência de apoio às famílias afetadas. A falta de segurança e a intensa pressão sobre as terras agravam ainda mais a luta pela sobrevivência desses agricultores, que continuam resistindo em meio a tantas dificuldades.