
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do partido Republicanos, afirmou no último sábado que concederia um indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, caso seja eleito presidente em 2026. Essa declaração foi feita mesmo antes de Tarcísio oficializar sua pré-candidatura. A afirmação acontece em um momento em que o Supremo Tribunal Federal inicia, nesta terça-feira, um julgamento que pode envolver Bolsonaro e seus aliados em relação aos eventos ocorridos em 8 de janeiro.
A cientista política Priscila Lapa comentou que essa estratégia de Tarcísio pode ser vista como uma tentativa de se posicionar como o sucessor do bolsonarismo. Segundo Lapa, o governador está buscando atrair o público que ainda apoia Bolsonaro, um grupo que está mobilizado e atento ao desenrolar do julgamento. Ao expressar apoio a Bolsonaro, Tarcísio pretende conquistar e manter esse eleitorado.
Entretanto, a proposta de indultar o ex-presidente pode se mostrar impopular, de acordo com Lapa. Ela destaca que pesquisas recentes, como a do Datafolha, mostram que a maioria da população é contrária à anistia de Bolsonaro e também rejeita candidatos que defendem essa medida. Essa questão, segundo a especialista, gera desconfiança e pode se tornar um fardo político para Tarcísio.
No que diz respeito ao cenário político para 2026, Lapa acredita que o desgaste do bolsonarismo pode favorecer o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já é visto como um provável candidato à reeleição. Ela analisa que a divisão de ideais e percepções entre os grupos políticos poderá beneficiar Lula, especialmente em um momento em que o governador tenta se firmar como uma alternativa viável.
Lapa também sugere que, com a inelegibilidade de Bolsonaro, há uma possibilidade de surgimento de uma direita menos radical nas eleições de 2026. O candidato que souber se comunicar sobre gestão e criticar o governo Lula sem tentar substituir Bolsonaro poderá se estabelecer como uma opção mais moderada. Para Tarcísio, a grande questão será expandir seu alcance além da base de apoiadores de Bolsonaro, que representa cerca de 35% do eleitorado, um número considerado insuficiente para ganhar a presidência.
Este contexto evidencia os desafios enfrentados pelos candidatos e a complexidade do cenário eleitoral, onde a construção de alianças e a definição de posicionamentos se mostram cruciais para o sucesso nas eleições futuras.