MST ocupa Incra em SP durante jornada pela reforma agrária

Na manhã desta quarta-feira, 23 de agosto, cerca de 300 ativistas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em São Paulo, às 6h. A ação faz parte da Semana Camponesa, que celebra o Dia do Trabalhador e Trabalhadora Rural em 25 de julho, e tem como principal mensagem “Lula, cadê a reforma agrária?”.

Desde o último domingo, 20 de agosto, o MST já realizou mais de 20 ações nas superintendências estaduais do Incra em diferentes regiões do país, incluindo estados como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro e outros. Essas ações incluem protestos, ocupações e reuniões de negociação.

Os principais pontos abordados pelo MST foram reunidos em uma “carta à sociedade brasileira”, divulgada na segunda-feira, 21 de agosto. No documento, o movimento critica a lentidão do governo federal na implementação de políticas públicas voltadas para a reforma agrária, especialmente citando o Incra e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), liderado pelo ministro Paulo Teixeira.

O MST reivindica a regularização fundiária de 122 mil famílias que vivem em 1.250 acampamentos pelo país. Segundo integrantes do movimento, essa regularização tem avançado muito lentamente. Eles destacam que a reforma agrária deve ser tratada como uma prioridade política e orçamentária pelo governo federal, uma vez que os recursos e políticas atuais são considerados insuficientes para atender às necessidades das comunidades rurais.

### Demandas Específicas em São Paulo

Durante a ocupação na superintendência do Incra em São Paulo, chefiada por Sabrina Diniz, os ativistas entregaram uma carta com demandas específicas. Entre as solicitações estão a proteção de áreas em risco de despejo, como a Comuna da Terra Irmã Alberta, em São Paulo, e outras em Valinhos, Apiaí, Jardinópolis e Gália.

O movimento também exige o assentamento imediato de cinco mil famílias que estão acampadas no estado há aproximadamente 20 anos. Além disso, os sem-terra pedem a liberação de créditos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e a ampliação dos limites de compra por cooperativas.

Outras demandas incluem facilitar o acesso ao Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), assegurar assistência técnica contínua e incluir políticas habitacionais nos assentamentos dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Uma porta-voz do MST destacou que o diálogo com o Incra em São Paulo está dificultado. O movimento tem tentado negociar suas pautas, mas enfrenta falta de resposta e, segundo ela, uma percepção de ausência de vontade política por parte do governo federal para garantir melhorias para essas famílias.