Cometa interestelar: informações recentes sobre sua identificação

Astrônomos estão acompanhando de perto o cometa interestelar 3I/ATLAS, um corpo celeste que se tornou alvo de interesse desde sua descoberta em julho. As últimas observações feitas pelo Very Large Telescope (VLT) no Chile trouxeram dados relevantes sobre esse raro viajante que veio de fora do nosso Sistema Solar.

O 3I/ATLAS é um cometa especial porque é apenas o terceiro objeto interestelar já identificado. Antes dele, em 2017, foi encontrado o 1I/ʻOumuamua, e em 2019, o 2I/Borisov. Devido à sua singularidade, o estudo do 3I/ATLAS é importante para entendermos como os sistemas estelares se formam e a diversidade de materiais presentes no universo.

Esse cometa, também conhecido como C/2025 N1 (ATLAS), já demonstra atividade. Observações realizadas em 3 de julho, utilizando uma técnica chamada espectroscopia, confirmaram sua natureza de cometa. Os cientistas identificaram uma cauda avermelhada e empoeirada, que se destaca por ser 18% mais avermelhada do que a maioria dos cometas do nosso Sistema Solar. À medida que o 3I/ATLAS se aproxima do Sol, os gases criados pelo aquecimento do gelo em sua superfície devem gerar uma cauda brilhante.

Os cientistas analisaram a velocidade e a trajetória do cometa, que está em uma órbita ampla, o que indica que ele não está preso à gravidade do Sol. Isso confirma que ele se origina de outro sistema estelar e está apenas passando pelo nosso Sistema Solar antes de retornar ao espaço interestelar. Sua trajetória sugere que ele pode ter vindo do “disco grosso” da Via Láctea, uma região repleta de estrelas antigas. Ao ser detectado, o 3I/ATLAS estava a uma velocidade impressionante de aproximadamente 57 a 60 quilômetros por segundo. Estima-se que ele seja um dos cometas mais antigos já observados, com uma idade superior a sete bilhões de anos, ou seja, três bilhões de anos mais velho que nosso Sistema Solar.

Por sorte, o 3I/ATLAS não representa nenhum perigo para a Terra, pois atualmente se encontra na mesma órbita de Júpiter, a cerca de 670 milhões de quilômetros do Sol e a 520 milhões de quilômetros do nosso planeta. A maior aproximação do cometa em relação à Terra será em dezembro, à distância segura de cerca de 270 milhões de quilômetros. O ponto mais próximo do Sol ocorrerá no final de outubro, quando o cometa passará entre as órbitas de Marte e da Terra, mas ainda mais próximo de Marte, a cerca de 210 milhões de quilômetros do Sol.

Embora seja um evento fascinante, observar o 3I/ATLAS não será fácil, pois seu brilho fraco exige o uso de telescópios de médio a grande porte com câmeras especiais. Telescópios com aberturas de 150-200mm (acompanhados de câmera digital) ou cerca de 400mm (telescópios ópticos) são recomendados. Astrônomos amadores que têm experiência em fotografia astronômica podem conseguir registrar imagens do cometa.

No Brasil, a melhor época para observá-lo será no início de outubro, logo após o pôr do sol, no horizonte a oeste. Em novembro, ele poderá ser visto antes do amanhecer, no horizonte a leste. No entanto, quanto mais próximo do Sol, mais difícil será sua visualização devido ao brilho solar, reaparecendo para observação novamente em dezembro.

O estudo do 3I/ATLAS e de outros objetos interestelares promete revolucionar nosso entendimento sobre a formação e evolução de sistemas estelares, oferecendo valiosas informações sobre regiões remotas da Via Láctea.