
A inflação no Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou um aumento de 0,24% em junho. Este número representa uma leve desaceleração em relação ao mês anterior, em que a inflação foi de 0,26%. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação atingiu 5,35%, ultrapassando o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5%. Esta taxa é a mais alta para um mês de junho desde 2022, quando a inflação foi de 0,67%. No total acumulado do ano, a inflação já soma 2,99%.
Um dos principais fatores para a inflação de junho foi o aumento de 2,96% nos preços da energia elétrica residencial, que foi afetada pela implementação da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que eleva os custos de energia. Além disso, houve reajustes regionais nas tarifas de energia, com destaque para as seguintes cidades:
– Belo Horizonte: aumento de 8,57% desde 28 de maio.
– Porto Alegre: aumento de 4,41% desde 19 de junho.
– Curitiba: aumento de 3,28% desde 24 de junho.
– Rio de Janeiro: redução de 1,29% desde 17 de junho.
Fernando Gonçalves, gerente do IPCA no IBGE, destacou que a energia elétrica residencial acumulou uma alta de 6,93% no ano, a maior em um primeiro semestre desde 2018. Ele explicou que, no início do ano, houve quedas de preços devido a um bônus de Itaipu, mas com a mudança nas bandeiras tarifárias, os preços voltaram a subir.
Por outro lado, o grupo de Alimentação e bebidas apresentou uma queda de 0,18% em junho, a primeira deflação desde setembro de 2024, com uma contribuição negativa de -0,04 pontos percentuais no índice geral. A alimentação no domicílio caiu 0,43%, com quedas significativas em produtos como ovo de galinha, arroz e frutas, embora o tomate tenha registrado um aumento de 3,25%.
A alimentação fora do domicílio desacelerou para 0,46%. O lanche aumentou de 0,51% para 0,58%, enquanto o preço das refeições caiu de 0,64% para 0,41%. Gonçalves ressaltou que, se a energia elétrica e os alimentos fossem excluídos do cálculo do IPCA, a inflação do mês seria de 0,36% e, sem a energia elétrica, ficaria em 0,13%.
O Índice de Difusão, que mede a porcentagem de itens com aumento de preço, caiu de 59,7% em maio para 53,6% em junho. Para alimentos, a queda foi de 60% para 46%. Em relação aos itens não alimentícios, o índice permaneceu em 60%.
Em relação ao custo de vida para famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve um aumento de 0,23% em junho, com a inflação acumulada em 12 meses atingindo 5,18%. Os alimentos apresentaram uma queda de 0,19%, enquanto os produtos não alimentícios subiram 0,37%. Regionalmente, Belo Horizonte teve a maior variação, com 0,55% de aumento, enquanto Porto Alegre registrou a menor variação, de -0,10%.
Após a divulgação dos dados de inflação de junho, analistas acadêmicos e do mercado financeiro expressaram preocupação com as perspectivas monetárias. O banco Daycoval acredita que a desaceleração da inflação não altera o cenário econômico geral, que ainda apresenta desafios. Especialistas projetam que a inflação possa encerrar o ano em torno de 5,1%, levando o Banco Central a manter a Selic em 15% pelo restante do ano.
Alguns economistas enxergam sinais mistos no IPCA de junho, mas alertam para os desafios, especialmente com tarifas de energia e a necessidade de soluções de longo prazo para negócios. Profissionais do setor ressaltam que empresas, especialmente as de pequeno e médio porte, devem redobrar a atenção em gestão e eficiência para superar essas dificuldades.
O impacto dos custos crescentes, como energia, água e transporte, tem aumentado as despesas fixas, pressionando as margens de lucro, especialmente em setores como indústria e agronegócio. Especialistas recomendam que as empresas desenvolvam estratégias financeiras mais robustas em resposta a esse cenário desafiador.