Indústria registra maior queda de preços em maio de 2023

Os preços da indústria, medidos pelo Índice de Preços ao Produtor (IPP), apresentaram uma queda de 1,29% em maio em relação a abril. Essa marca é a quarta retração seguida e a mais expressiva do ano até agora. Esses dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Essa redução no IPP também representa a maior queda desde junho do ano passado, quando o índice havia recuado 2,72%. O IPP avalia a variação de preços que a indústria cobra "na porta de fábrica", ou seja, sem considerar impostos, frete ou margem de lucro de distribuição. Ele abrange os setores de indústrias extrativas e de transformação.

Setores da Indústria com Maior Impacto

Os setores que mais contribuíram negativamente para a queda do IPP em maio incluem:

  • Alimentos: impacto de -0,34 ponto percentual;
  • Refino de petróleo e biocombustíveis: -0,28 p.p.;
  • Outros produtos químicos: -0,26 p.p.;
  • Metalurgia: -0,23 p.p.

Em termos percentuais, a impressão teve uma alta de 4,36%, enquanto a metalurgia, outros produtos químicos e indústrias extrativas apresentaram quedas de 3,46%, 3,11% e 3,03%, respectivamente.

Queda nos Preços dos Alimentos

No setor de alimentos, os preços caíram 1,33% em maio, após uma discreta alta de 1,52% em abril, que havia sido a única elevação no ano. No acumulado de 2025, os preços no setor estão negativos em 2,81%. Apesar de uma alta de 10,99% nos últimos 12 meses, essa é a menor variação anual desde outubro de 2024.

Esse movimento de queda é atribuído ao aumento da oferta, especialmente devido às boas safras de cana-de-açúcar e soja, que têm pressionado os preços para baixo. O açúcar com alto valor polarizável (VHP), que é direcionado para exportação, também teve uma redução devido à oscilação da taxa de câmbio, afetando o setor de fabricação e refino de açúcar, que caiu 4,68%. Os derivados da soja contribuíram para uma queda de 3,05% nos óleos e gorduras vegetais.

Petróleo e Combustíveis

O setor de refino de petróleo e biocombustíveis teve uma diminuição de 2,77% em maio, marcando a terceira queda consecutiva. Essa redução foi a segunda maior influência negativa no índice geral. Apesar dessa queda, o setor ainda acumula uma alta de 0,68% nos últimos 12 meses, a menor taxa desde dezembro de 2024.

Os preços de óleo diesel, óleos combustíveis e nafta foram os principais responsáveis por essa retração. O setor de outros produtos químicos caiu 3,11% em maio, após uma queda de 0,61% em abril, contribuindo com -0,26 p.p. para a variação mensal do IPP. Esse setor ainda apresenta uma alta acumulada de 0,34% no ano e 9,36% nos últimos 12 meses, com a baixa impactada por derivados do petróleo, como propeno não saturado e resinas termoplásticas.

Trajetória dos Preços da Indústria em 2025

Até agora, em 2025, o índice do IPP já registrou uma queda acumulada de 1,97%, que representa o segundo maior recuo para o período de janeiro a maio desde que a pesquisa começou em 2010. O recorde atual se deu em maio de 2023, quando a queda alcançou 3,84%. Na comparação com maio de 2024, o IPP aumentou 5,78%.

Queda Ampla nos Preços da Indústria

Em maio, 17 das 24 atividades industriais analisadas registraram variações negativas nos preços, enquanto em abril, apenas oito atividades apresentaram essa situação. Segundo o gerente da pesquisa do IBGE, a disseminação da queda de preços pode ser explicada por dois fatores principais: a diminuição nos preços internacionais das matérias-primas, que impacta o custo de produção, e uma valorização do real frente ao dólar, que caiu 2% em maio e 7,1% no ano, favorecendo a redução de custos em insumos importados.

Variação de Preços nas Categorias Econômicas

Analisando o impacto por categorias econômicas, entre abril e maio, as variações foram:

  • Bens de capital: -0,02%;
  • Bens intermediários: -2,37%;
  • Bens de consumo: 0,00%, com duráveis em +0,35% e semiduráveis e não duráveis em -0,07%.

Os "bens intermediários" foram os que mais influenciaram a queda geral, contribuindo com -1,29 p.p., pois são muito impactados pelas oscilações do dólar, uma vez que muitos insumos são negociados em moeda estrangeira.