Ação da Gol (GOLL54) cai 62% hoje: entenda os motivos.

As ações da Gol tiveram uma queda significativa de mais de 62,40% na última terça-feira (15). Essa desvalorização, no entanto, não deve ser interpretada apenas como uma perda de valor de mercado da empresa, mas sim como resultado de uma mudança na estrutura de negociação das ações.

Anteriormente, as ações da Gol eram negociadas individualmente. Agora, cada lote de negociação corresponde a mil ações. Isso significa que, para entender o preço real de cada ação, é necessário dividir o valor cotado por mil. Por exemplo, às 16h15, o preço da ação era de R$ 9,40, o que, com a nova estrutura, indica que cada papel vale apenas R$ 0,00940, ou seja, menos de 1 centavo.

Essa mudança foi implementada após uma reestruturação na empresa, que também culminou no encerramento do prazo para exercício de subscrição das ações no dia anterior. A Gol realizou um aumento de capital de R$ 12 bilhões, emitindo 8,1 trilhões de ações ordinárias e 968 bilhões de preferenciais. O preço de emissão dessas ações foi bastante baixo: R$ 0,00029 para as ordinárias e R$ 0,01 para as preferenciais. Como resultado, investidores que não participaram do aumento de capital sofreram uma diluição de até 99,8% de suas participações, conforme estimativas do BTG Pactual.

Para quem possuía ações da Gol (GOLL4), houve a possibilidade de subscrever 2.861 novas ações por R$ 0,01 cada. Por exemplo, um investidor com 100 ações antigas recebeu 286.100 direitos de subscrição, que poderiam ser negociados sob um novo código, GOLL2, até segunda-feira.

Recentemente, houve uma reorganização na B3, a bolsa de valores do Brasil, resultando em mudanças nos códigos das ações da Gol. GOLL3 passou a ser GOLL53, enquanto GOLL4 virou GOLL54. Agora, ambas as ações são negociadas em lotes de mil, assim como os bônus de subscrição, que foram renomeados para GOLL80.

Essas alterações geraram confusão entre investidores e analistas, dificultando a interpretação do preço real de cada ação. Apesar da queda acentuada, a Gol ainda apresenta um valor de mercado de aproximadamente R$ 240 bilhões, o que pode torná-la uma das empresas mais valiosas do Brasil, superando outras como WEG, Localiza e Rumo.

Entretanto, especialistas alertam que essa avaliação pode estar distorcida devido ao baixo volume de negociação das ações, o que impede uma precificação precisa. Além disso, a transformação dos ativos e os novos códigos podem causar mais confusão. Por isso, analistas recomendam cautela e sinalizam a possibilidade de uma correção nos preços das ações nos próximos pregões.