Crescimento do payroll nos EUA em junho diminui chance de corte de juros

A economia dos Estados Unidos gerou 147 mil empregos em junho, superando a expectativa de analistas, que era de 110 mil vagas. Esses dados foram divulgados pelo Departamento do Trabalho e mostram a força do mercado de trabalho americano, o que diminui a probabilidade de cortes nos juros por parte do Federal Reserve, o banco central dos EUA.

Outro dado importante foi a taxa de desemprego. A previsão era de que ela aumentasse ligeiramente, passando de 4,2% para 4,3%, mas, surpreendentemente, caiu para 4,1%. Além disso, os números de meses anteriores também foram revistos para cima: em abril, foram criados 158 mil empregos (em vez de 147 mil), e em maio, 144 mil (em vez de 139 mil). Entretanto, o relatório da ADP, publicado um dia antes, indicou uma perda de 33 mil vagas no setor privado em junho, refletindo um contraste significativo em relação ao relatório oficial.

Após a divulgação dos dados, os juros dos títulos do governo americano aumentaram. A rentabilidade dos Treasuries, especialmente os de 2 e 10 anos, subiu, e o dólar também se valorizou em relação a outras moedas, elevando o índice DXY em 0,50%. As expectativas em torno de uma possível redução nas taxas de juros pelo Federal Reserve mudaram. A probabilidade de cortes em setembro caiu de 95,1% para 77,6%, enquanto a chance de manter as taxas aumentou de 4,9% para 22,4%. As chances de um corte já na reunião de julho praticamente desapareceram, caindo de 23,3% para 4,7%.

Na análise da geração de empregos, embora o número total seja positivo, alguns setores apresentaram resultados fracos. A criação de novas vagas nos serviços, por exemplo, caiu de 137 mil em maio para 74 mil em junho. Por outro lado, o setor público contribuiu com a criação de 73 mil novos postos, uma melhoria em relação aos 7 mil do mês anterior.

De acordo com o economista Maykon Douglas, os dados demonstram que o mercado de trabalho permanece forte, mas com indícios de desaceleração em setores importantes da economia. A geração de empregos no setor privado perdeu força, e os aumentos salariais ficaram abaixo do esperado. O salário médio por hora cresceu 0,22% em junho, inferior à expectativa de 0,30%, e, na comparação com o ano passado, avançou 3,71%, também aquém da projeção de 3,9%.

Esses salários mais baixos podem ajudar a controlar a inflação, mas, segundo Douglas, isso torna menos provável a possibilidade de cortes de juros. Ele ressalta que o Federal Reserve deve continuar acompanhando os dados antes de tomar qualquer decisão, destacando que o cenário atual sugere a probabilidade de apenas um corte nas taxas, ou até mesmo nenhum, até 2025.