
O mapa-múndi lançado pelo IBGE colocou o Brasil como centro do mundo, o que fez com que muitos estranhassem algo que, na verdade, é bem comum.
Desde seu surgimento, o mapa-múndi cumpre papel essencial na forma como a humanidade enxerga o planeta e organiza geograficamente sua realidade. Originalmente concebido para fins de navegação, o mapa não representa apenas distâncias e continentes, mas também reflete visões culturais e políticas.
Ao longo da história, diferentes civilizações já redesenharam o mundo sob seus próprios centros de interesse, posicionando-se no centro do globo conforme sua relevância política ou religiosa. Nesse contexto, mostra o espaço físico, mas também revela como os povos se veem e se projetam no mundo.
Com os avanços tecnológicos e a intensificação das relações internacionais, a atualização desses instrumentos cartográficos passou a incorporar dimensões estratégicas, reforçando a soberania e a representatividade de diferentes nações.

Neste artigo, você confere:
Como ocorre a definição de um mapa-múndi?
A construção de um mapa-múndi exige mais do que apenas representação visual dos continentes. O processo começa com a coleta de dados geográficos de altíssima precisão, realizada por meio de imagens de satélite, sensores remotos e levantamentos topográficos feitos por agências espaciais.
No caso brasileiro, o IBGE é a instituição responsável por reunir, organizar e disponibilizar essas informações, garantindo a confiabilidade e atualização constante dos dados geográficos do país. Esses dados são cruzados com informações geopolíticas, demográficas e socioeconômicas antes do resultado.
A projeção cartográfica é outro elemento fundamental nesse processo. Como o planeta é esférico, todo mapa impresso ou digital precisa adaptar a tridimensionalidade da Terra para um plano bidimensional. Isso gera distorções inevitáveis, que variam conforme o tipo de projeção escolhido.
Algumas destacam os continentes do norte, outras priorizam dimensões mais equilibradas entre o hemisfério sul e o norte. A escolha da projeção influencia diretamente a mensagem política e simbólica transmitida pelo mapa, tornando a centralidade de um país uma questão de perspectiva.
Por fim, os mapas são organizados conforme padrões de leitura convencionais — geralmente com o hemisfério norte acima e a Europa centralizada. No entanto, essas convenções não são imutáveis. Cada país pode elaborar seus mapas com foco em sua realidade territorial, educacional ou estratégica.
O reposicionamento de uma nação no centro do mapa não altera a geografia do mundo, mas transforma a forma como ela se insere no imaginário coletivo e no discurso internacional. Dessa maneira, o mapa-múndi torna-se também uma ferramenta de afirmação geopolítica.
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IBGE lança mapa-múndi com Brasil no centro
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma nova versão do mapa-múndi com uma configuração simbólica: o Brasil aparece no centro do mundo e o hemisfério sul está na parte superior. A divulgação ocorreu no dia 7 de maio, por meio do presidente do IBGE, Marcio Pochmann.
Segundo ele, essa nova proposta, também chamada de “mapa invertido”, visa destacar a relevância geopolítica do Brasil no cenário internacional contemporâneo, sobretudo em fóruns como o BRICS, o Mercosul e a COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém (PA).
Essa inversão tem motivação política e educacional. Ao posicionar o Brasil no centro, o mapa rompe com uma tradição eurocêntrica presente nos materiais escolares e institucionais há décadas. Isso ajuda a redefinir o papel do país como protagonista em debates globais, valorizando a identidade nacional.
Em termos práticos, trata-se de uma mudança na perspectiva de representação que pode influenciar como os estudantes e cidadãos compreendem o espaço geográfico mundial e a posição estratégica de seu país dentro dele.
Além disso, o IBGE já havia sinalizado essa mudança em 2024, com o lançamento de uma nova versão do Atlas Geográfico Escolar. Na época, o reposicionamento do Brasil no centro do mapa gerou debates intensos nas redes sociais, dividindo opiniões entre defensores e críticos.
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Quem é Marcio Pochmann?
O economista Marcio Pochmann, atual presidente do IBGE, foi nomeado para o cargo em julho de 2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Reconhecido por seu trabalho em estudos sobre trabalho, desenvolvimento e desigualdade, acumula passagens por diversas instituições de políticas públicas.
Com uma carreira acadêmica consolidada e uma longa trajetória no serviço público, Pochmann é formado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e possui doutorado em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde também foi professor.
Entre 2001 e 2004, atuou como secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade na Prefeitura de São Paulo. Anos depois, comandou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 2007 e 2012, e presidiu a Fundação Perseu Abramo de 2012 até 2020.
Durante sua gestão no Ipea, ganhou notoriedade por fomentar debates sobre economia social, distribuição de renda e inclusão produtiva. Sua nomeação ao IBGE foi recebida com expectativa de que o instituto se torne mais engajado nas questões sociais, territoriais e demográficas.
À frente do IBGE, Pochmann tem sinalizado uma nova abordagem na produção e divulgação de dados, com maior foco na inclusão, representatividade e soberania nacional. Pochmann consolida seu papel como gestor comprometido com uma cartografia mais justa, inclusiva e consciente.
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