China aceita suspensão de ordem contra Nexperia, mas vê como insuficiente

A China reagiu à decisão dos Países Baixos de suspender a ordem administrativa contra a fabricante de semicondutores Nexperia, mas considera essa medida insuficiente para resolver a crise que afetou as cadeias de suprimento globais nas últimas semanas. O Ministério do Comércio chinês afirmou que a suspensão é um “primeiro passo na direção certa”, mas reiterou a necessidade de uma revogação total da ordem.

A ordem inicial permitia que os Países Baixos bloqueassem ou revisassem decisões da Nexperia, uma empresa estabelecida em Nijmegen. Nos dias 18 e 19 de novembro, representantes dos dois países se reuniram em Pequim para discutir a situação da Nexperia. Durante as negociações, a Holanda se comprometeu a suspender a ordem emitida de acordo com a Lei de Disponibilidade de Bens. Entretanto, o governo chinês indicou que essa suspensão ainda não resolve a causa raiz do problema, que está relacionada à instabilidade na cadeia de suprimentos de semicondutores.

Uma decisão de um tribunal nos Países Baixos para retirar o controle da Wingtech Technology sobre a Nexperia foi identificada pela China como um dos principais obstáculos a uma solução. O ministério chinês argumentou que a origem do atual caos nas cadeias de suprimento é responsabilidade dos Países Baixos.

Em um comunicado, o ministro de Assuntos Econômicos dos Países Baixos, Vincent Karremans, expressou que o momento é oportuno para avançar em soluções construtivas, ressaltando que as ações de Pequim em garantir o fornecimento de chips são vistas como um “gesto de boa vontade”. Essa decisão foi tomada após diálogos com parceiros europeus e internacionais.

A crise começou em 30 de setembro, quando os Países Baixos utilizaram pela primeira vez a Lei de Disponibilidade de Bens desde 1952, para assumir o controle sobre a Nexperia. O governo holandês alegou preocupações sobre a transferência irregular de ativos e tecnologia pelo CEO da empresa na época, Zhang Xuezheng. No dia seguinte, o tribunal afastou o executivo e nomeou um administrador para a companhia. Como resposta, a China bloqueou, em 4 de outubro, as exportações de semicondutores das fábricas da Nexperia localizadas na China.

Durante as negociações, ambas as partes concordaram em reduzir a intervenção administrativa e a resolver disputas internas por meio de diálogo e de acordo com a lei. O Ministério do Comércio da China enfatizou que essas medidas devem proteger os direitos dos investidores e criar um ambiente mais estável para a cadeia de suprimento de semicondutores.

A China espera que os Países Baixos continuem a mostrar disposição para cooperar e tragam propostas efetivas para solucionar o impasse.