
As ações das principais companhias aéreas brasileiras enfrentaram uma forte queda no mercado. As ações da Azul (AZUL4) despencaram 9,21%, fechando a R$ 0,69. Já as ações da Gol (GOLL54) registraram uma desvalorização ainda mais significativa de 42,21%, com o papel sendo negociado a R$ 5,45.
Este movimento da Azul ocorre um dia antes do prazo estabelecido pelo CADE, órgão responsável pela concorrência na economia brasileira, para que a empresa forneça esclarecimentos sobre seus acordos de codeshare e programas de fidelidade com a Gol. Em abril, o CADE anunciou que iria investigar o acordo de compartilhamento de voos entre as duas companhias, uma ação provocada pelo conselheiro Gustavo Freitas de Lima.
De acordo com Freitas, o acordo pode estabelecer um “nexo associativo” entre as duas empresas, o que diferiria da relação padrão de serviços de codeshare. A Azul possui até esta sexta-feira para apresentar as informações requeridas pelo CADE.
As companhias começaram a vender passagens para voos que operam em codeshare em 40 rotas, com a expectativa de ampliar esse número para mais de 150 rotas. Além disso, os clientes que adquirirem passagens nesse formato poderão acumular milhas nos programas de fidelidade de ambas as empresas.
No que diz respeito à Gol, a companhia finalizou um aumento de capital de R$ 12 bilhões, parte de um plano de reestruturação financeira que está sendo realizado nos Estados Unidos sob o caput 11. Foram emitidas 8,19 trilhões de ações ordinárias e quase 969 bilhões de ações preferenciais, com valores simbólicos por ação, visando capitalizar créditos da companhia.
Contudo, a adesão dos investidores foi abaixo do esperado. Durante o período em que os acionistas puderam se manifestar, que terminou em 14 de julho, não houve compras significativas de ações ordinárias pelos acionistas minoritários. Somente 0,76% das ações preferenciais foram subscritas, totalizando R$ 73,2 milhões, quantia que irá para a GOL Investment Brasil S.A.
A arrecadação ficou muito aquém do previsto, o que contribuiu para a queda acentuada das ações da Gol. O especialista Alexandre Pletes destacou que a forte queda se deve ao insucesso da última tentativa de capitalização, que visava transferir parte do controle da empresa para os credores, mas não conseguiu atrair o interesse de investidores minoritários, especialmente de pessoas físicas.
Como resultado, o controle da empresa permanece nas mãos do grupo controlador. Essa situação reflete a reação do mercado à desilusão com a oferta anterior e à incerteza sobre os próximos passos da companhia.
A Gol Investment Brasil S.A. agora controla 99,97% das ações ordinárias e 99,21% das ações preferenciais da companhia e está avaliando alternativas para atender às exigências de governança corporativa requeridas pela B3, a bolsa de valores do Brasil.