Singapura se destaca como centro de luxo na Ásia, mas enfrenta o Japão

Em meio a uma recessão econômica global, os gastos com artigos de luxo em Singapura estão apresentando crescimento. A cidade-estado, reconhecida como um ponto de referência para o varejo de alta renda, deve registrar um aumento de 7% nas vendas de produtos de luxo em 2024, totalizando cerca de 13,9 bilhões de dólares singapurianos, equivalente a 10,9 bilhões de dólares americanos. Esse crescimento supera o desempenho de outros importantes mercados asiáticos, como Japão, China e Coreia do Sul, segundo dados da Euromonitor International.

Singapura, com uma área de apenas 725 quilômetros quadrados e uma população de aproximadamente 6 milhões de pessoas, se destaca por suas vendas de luxo em comparação com grandes cidades como Tóquio e Xangai. No ano passado, a cidade foi a terceira em aberturas de lojas de luxo entre 32 cidades da região Ásia-Pacífico, excluindo as da China continental, conforme dados da Savills.

Espaços como o The Shoppes at Marina Bay Sands estão se beneficiando desse cenário. Recentemente, a marca italiana Marni inaugurou sua primeira loja na região. O shopping oferece serviços especiais para clientes VIP, como transporte em bugues e a criação de salões exclusivos para apresentar coleções antes de seus lançamentos oficiais.

A tendência em Singapura mostra uma intensificação em eventos de vendas exclusivas. Marcas realizam essas atividades diversas vezes por semana, refletindo uma busca por experiências de compras mais personalizadas. Especialistas afirmam que a cidade se tornou um ambiente estável para pessoas de alto patrimônio, criando uma atração significativa para o mercado de luxo.

Singapura se destaca como um exemplo positivo em um cenário global desafiador, especialmente com a desaceleração da economia chinesa. Suas políticas que favorecem a riqueza ajudaram a atrair indivíduos com alto poder aquisitivo, fazendo do país um dos mais ricos do mundo. A estabilidade política e o aumento da riqueza local contribuíram para essa realidade. Com mais de 240 mil milionários vivendo na cidade, a renda média das famílias também vive um crescimento contínuo.

Os gastos dos turistas em varejo, que somaram 3,9 bilhões de dólares singapurianos de janeiro a setembro de 2024, incluem visitantes de países como China, Estados Unidos, Indonésia e Índia. Isso reafirma a posição de Singapura como um refúgio estratégico para marcas de luxo que desejam entrar no Sudeste Asiático.

Ainda que Singapura tenha uma imagem de riqueza, é importante lembrar que uma parte considerável de sua população não possui altos números de renda. O governo enfrenta o desafio de equilibrar o apoio à classe trabalhadora e as necessidades dos mais abastados, considerando os riscos que um aumento de impostos pode trazer para a permanência destas pessoas na cidade.

Recentemente, os bancos de Singapura ampliaram o controle sobre clientes ricos, especialmente após um escândalo de lavagem de dinheiro que expôs fraquezas no sistema. No entanto, essa medida também reforçou a percepção de segurança nas finanças, atraindo ainda mais investimentos.

Dentre as inovações do setor, marcas de luxo estão diversificando suas operações. A Coach, por exemplo, abriu um bar dentro de sua loja, oferecendo martinis personalizados e lanches. A Audemars Piguet também ingressou na área gastronômica com o AP Café, que oferece pratos que misturam influências suíças e cingapurianas.

No shopping Raffles City, o setor de beleza de luxo se expande com a abertura de pop-ups gigantes. Marcas de prestígio, como Armani e Dior, estão presentes, aumentando o impulso do mercado.

Essas movimentações atraem o interesse dos consumidores locais, como Chloe Liem, que se declara uma entusiasta de joias de marcas renomadas. Para ela, o investimento em produtos de luxo vai além do preço, envolvendo a experiência única e o valor emocional associados às marcas. O ambiente de compras em Singapura continua a se expandir e a se diversificar, refletindo o dinamismo do mercado de luxo na região.