
A semana foi marcada por tensões nos mercados financeiros, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados para o país. Essa decisão tem um impacto significativo para o Brasil, que é um dos poucos países que possui superávit comercial com os EUA, totalizando aproximadamente US$ 91 bilhões na última década.
Embora a tarifa ainda não tenha entrado em vigor — com a previsão de início em 1º de agosto —, o anúncio gerou interpretações políticas, sem apresentar uma justificativa econômica clara. Trump alegou que a medida é uma resposta à “perseguição política” ao presidente brasileiro Jair Bolsonaro e à interferência do Judiciário em empresas norte-americanas. Entretanto, especialistas acreditam que essa ação pode ser uma reação às críticas que o ex-presidente Lula fez à influência dos EUA no cenário global.
Nesta sexta-feira, um novo resumo sobre o mercado financeiro destacou o clima de instabilidade que tem afetado os ativos brasileiros. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, caiu 3,9% durante a semana, embora ainda tenha uma alta acumulada de 12,8% em 2023. O dólar, por sua vez, registrou um aumento de 1,5%, fechando a R$ 5,56. Além disso, os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 tiveram um incremento de 18 pontos-base, subindo para 14,36% ao ano, mesmo diante de sinais de desaceleração econômica e de inflação.
No cenário político, a campanha de Lula implementou estratégias de comunicação utilizando inteligência artificial. A abordagem incluiu a criação de vídeos que destacam a oposição entre ricos e pobres, intensificando a polarização nas redes sociais. Especialistas observam que a retaliação de Trump acabou fortalecendo a imagem de Lula, que começou a ser visto como um símbolo de resistência nacional. Isso ajudou a reverter, em parte, a queda na popularidade que o ex-presidente enfrentava nas semanas anteriores.
Em termos econômicos, os indicadores sugerem uma desaceleração. A produção de veículos teve uma queda de 6,5% em junho, marcando o segundo mês consecutivo de retração. As vendas no varejo também caíram, apresentando uma diminuição de 0,2% em maio. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou uma deflação de -1,80% em junho, após um recuo de -0,85% no mês anterior. Por outro lado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou 0,24%, ligeiramente acima da expectativa de 0,20%, mas abaixo do índice de 0,26% registrado em maio. Ao longo de 12 meses, o IPCA acumulou 5,35%, superando o teto da meta de inflação, que é de 4,5%. Com isso, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, precisará prestar esclarecimentos ao Ministério da Fazenda sobre o descumprimento da meta.
Além disso, outras nações também estão sendo afetadas pelas tarifas anunciadas por Trump. Japão e Coreia do Sul enfrentarão tarifas de 25%, enquanto a União Europeia e o Canadá podem ter tarifas estimadas em 35%. O presidente americano também anunciou uma tarifa de 50% sobre o cobre, um metal essencial para a indústria dos EUA. Essa decisão pode aumentar o risco de inflação nos Estados Unidos e pressionar a cadeia global de suprimentos, dado que a produção interna de cobre não atende à demanda do país.