
Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, se manifestou nesta sexta-feira sobre a decisão dos Estados Unidos de aplicar uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros. Em sua declaração, Mao enfatizou que tarifas não devem ser usadas como ferramentas para coagir, intimidar ou interferir nos assuntos internos de outros países.
A ameaça de sobretaxa foi feita pelo ex-presidente Donald Trump, que enviou uma carta argumentando que o Brasil estaria promovendo “ataques insidiosos” às eleições livres e aos direitos de liberdade de expressão dos americanos. Trump também mencionou déficits comerciais dos Estados Unidos em relação ao Brasil como um dos motivos para essa medida.
Na entrevista coletiva, Mao reforçou que a igualdade soberana e a não interferência em assuntos internos são princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas e normas essenciais nas relações internacionais. Este posicionamento reflete a postura da China diante das tensões comerciais recentes.
Durante a semana, na cúpula do BRICS, Mao já havia reagido a outra ameaça de Trump, que propôs uma sobretaxa de 10% sobre produtos de qualquer país que apoiasse políticas antiamericanas do bloco. A porta-voz destacou que o objetivo do BRICS é promover a cooperação entre países emergentes, sem ter nenhum país como alvo específico. Mao reiterou que não existem vencedores em guerras comerciais e que o protecionismo não traz benefícios.
Além disso, relatos divulgados pela chancelaria chinesa indicam que o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, também criticou as tarifas americanas durante encontros na reunião da ASEAN, em Kuala Lumpur, na Malásia. Em um diálogo com o chanceler do Camboja, que enfrenta uma sobretaxa de 36%, Wang afirmou que os EUA estão impondo tarifas elevadas com o intuito de limitar o desenvolvimento dos países da região, o que também afeta a China indiretamente.
Wang Yi expressou confiança na capacidade dos países do Sudeste Asiático de enfrentar essa situação, mantendo suas posições de princípio e defendendo seus interesses. Ele também se encontrou com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, em Kuala Lumpur.