Inflação na China cresce após cinco meses de estabilidade

A inflação ao consumidor na China registrou um aumento de 0,1% em junho de 2024 em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Essa é a primeira alta em cinco meses e ficou acima da previsão do governo, que esperava um avanço de apenas 0,03%. Os dados foram divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China (NBS).

Quando analisamos o índice mensal, notamos que os preços ao consumidor caíram 0,1% em junho, o que estava dentro das expectativas do mercado e aconteceu após a deflação de 0,2% observada em maio.

### Estímulos do governo impulsionam inflação

Dong Lijuan, chefe do departamento urbano do NBS, explica que o aumento na inflação foi impulsionado principalmente pela alta dos preços de bens industriais e por recentes iniciativas do governo para estimular o consumo interno. Entre essas medidas estão os subsídios para a troca de veículos e eletrodomésticos, que visam diminuir estoques no setor industrial e incentivar as famílias a renovar seu consumo.

Esse aumento na inflação é visto como um sinal positivo pelas autoridades chinesas, que enfrentam dificuldades para combater a tendência de deflação observada ao longo do ano.

### Preços ao produtor têm maior queda desde 2023

Em contraste com a inflação ao consumidor, o Índice de Preços ao Produtor (PPI) sofreu uma queda de 3,6% em relação a junho de 2024. Este é o maior recuo desde julho de 2023. A combinação de baixa inflação ao consumidor e deflação nos preços ao produtor indica um cenário econômico desafiador, caracterizado por um excesso de oferta industrial e uma demanda interna debilitada.

### Guerra comercial influencia economia da China

Além desses fatores internos, a economia chinesa continua sendo afetada pela guerra comercial com os Estados Unidos. Em abril de 2024, o governo americano impôs tarifas que podem chegar a 145% sobre produtos chineses. Em resposta, a China criou tarifas de 125% sobre as importações dos EUA, o que agravou a situação dos produtores chineses que já lutavam para vender seus produtos.

No entanto, um acordo provisório foi alcançado em maio, no qual os Estados Unidos reduziram suas tarifas para 30% e a China as diminuiu para 10%. Desde então, as duas potências têm mantido negociações, com a expectativa de que um novo acordo final possa ser anunciado em breve.

Recentemente, o presidente dos EUA declarou que a China tem sido “muito justa” nas negociações e destacou o bom relacionamento que tem mantido com o país asiático. Essa diminuição das tensões entre as duas maiores economias do mundo pode ajudar a reduzir as incertezas nos mercados globais e abrir caminho para uma recuperação do comércio internacional.