
Em julho, o estado de São Paulo celebra um feriado importante: o dia 9, que remete à Revolução Constitucionalista de 1932. Esse movimento histórico deixou profundas marcas na trajetória paulista e nacional, e a data é lembrada por pessoas de diversas regiões, que ressaltam sua significância cívica até os dias de hoje.
O feriado foi oficialmente instituído em 1997, por meio de um decreto do ex-governador Mário Covas. Embora muitos o vejam como uma oportunidade de descanso e lazer, o 9 de julho é, na verdade, o símbolo de uma luta política intensa. A Revolução Constitucionalista surgiu como uma reação de membros da elite e parte da sociedade paulista às decisões do governo provisório de Getúlio Vargas, que havia assumido o poder naquele período.
Em 1932, Vargas anulou a Constituição em vigor, dissolveu o Congresso Nacional e substituiu governadores por interventores, gerando descontentamento entre muitos paulistas. A população se sentia ameaçada em sua autonomia e clamava por novas eleições e o retorno da ordem constitucional. O movimento que se seguiu foi desencadeado pela morte de quatro estudantes em protestos, que se tornaram símbolos da luta e inspiraram a sigla “MMDC”, representando os sobrenomes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo.
As causas da Revolução Constitucionalista foram, em grande parte, o desejo de restituir a autonomia dos estados e estabelecer uma nova constituição. O governo federal centralizava o poder sem a participação popular, gerando insatisfação em diversos setores da sociedade. Durante o conflito, que durou quase três meses, cerca de 100 mil combatentes se uniram em defesa de suas causas, com batalhas ocorrendo em diversas partes do estado.
Apesar de ter sido dominada pelas tropas federais, a revolta resultou na convocação de uma assembleia constituinte em 1933 e na promulgação de uma nova Constituição no ano seguinte. Este episódio moldou a identidade paulista e se tornou um marco importante, lembrado anualmente em eventos oficiais e manifestações culturais em todo o estado.
Nos dias de hoje, o 9 de julho ainda tem um papel essencial na memória histórica de São Paulo. Diversos locais, como avenidas e instituições, têm o nome “9 de Julho”, reforçando a conexão com o passado e os debates em torno de democracia e participação popular. As celebrações incluem desfiles cívicos, homenagens aos combatentes, e ações que promovem a preservação da memória histórica, especialmente na capital e no interior do estado.
O feriado afeta a rotina em São Paulo, com a suspensão de serviços públicos e algumas atividades comerciais. Muitas cidades organizam eventos especiais, incluindo cerimônias, exposições e palestras, que resgatam o clima da década de 1930. Algumas das atividades principais incluem a entrega da Medalha da Revolução Constitucionalista a ex-combatentes, visitas a memoriais e museus, e discussões educacionais sobre o significado da data.
Assim, o 9 de julho se reafirma como mais do que um dia no calendário; é um símbolo da luta por direitos, da participação democrática e do respeito à ordem constitucional, valores que continuam a ser discutidos e valorizados pela população paulista.