Tarifaço isola EUA e fortalece Brics, diz economista

O aumento das tarifas comerciais pelos Estados Unidos está gerando incertezas no comércio global e pode isolar o país norte-americano, ao mesmo tempo que fortalece o bloco do Brics. Essa análise foi feita pelo professor José Luis Oreiro, do departamento de economia da Universidade de Brasília (UnB).

Segundo Oreiro, a medida acaba criando um clima de insegurança para os empresários ao redor do mundo. Com as constantes mudanças nas tarifas, que podem ocorrer a qualquer momento, o comércio internacional se torna instável. Isso pode levar a uma desaceleração econômica mundial, uma vez que as empresas não conseguem prever os custos para exportar para os EUA.

Ele também destacou que essa situação faz com que muitos países busquem novos parceiros comerciais, tentando minimizar a dependência do mercado americano. Para ilustrar isso, mencionou as recentes negociações da União Europeia com o Japão e a Índia, além do interesse da Coreia do Sul em se integrar ao acordo entre a União Europeia e o Mercosul.

### Brics em Ascensão

O bloco do Brics, que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e que recentemente acolheu países como Egito, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, está se tornando mais relevante devido a essas mudanças. Oreiro acredita que o Brics sairá fortalecido dessa situação, especialmente com o potencial da China, um mercado de 1,4 bilhão de pessoas, para absorver produtos brasileiros que possam ser afetados pelas tarifas dos EUA.

### Impacto na Economia Brasileira

Apesar das preocupações globais, o professor acredita que o aumento das tarifas americanas não ameaça significativamente a economia brasileira. Ele explica que os Estados Unidos são apenas o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás da China e da União Europeia. No entanto, ele alerta que o governo brasileiro deve implementar medidas para proteger as pequenas e médias empresas, que são mais suscetíveis a essas mudanças econômicas.

Uma das sugestões de Oreiro é reativar os estoques reguladores da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Essa estratégia pode ajudar a garantir a renda dos pequenos produtores, especialmente no setor de frutas, que pode sofrer mais impactos.

Oreiro também se manifestou sobre a proposta do governo de condicionar ajuda financeira à preservação dos empregos. Ele considera a medida positiva, mas ressalta que a decisão final sobre manutenção de empregos cabe aos empresários.

O tema é relevante e será abordado em duas edições diárias do programa “Conexão BdF”, que vai ao ar de segunda a sexta-feira, permitindo que o público se mantenha informado sobre as questões econômicas que influenciam o dia a dia.