Café se valoriza com risco de tarifas e fluxo global afetado

O mercado de café enfrentou grande volatilidade nesta quarta-feira, 16 de agosto, devido à expectativa de que os Estados Unidos aumentem as tarifas sobre produtos agrícolas, incluindo o café. A possibilidade de uma alíquota de 40% sobre o café brasileiro é uma preocupação para produtores e exportadores do país.

De acordo com especialistas, essa taxa tornaria o café brasileiro muito caro para os consumidores norte-americanos, o que poderia prejudicar as vendas. Um analista do setor comentou que, no curto prazo, não existem outras origens que consigam substituir o Brasil em termos de volume e qualidade do café.

Se a nova tarifa for implementada, os embarques de café do Brasil para os EUA poderão diminuir, impactando o fluxo global da commodity. Outros países produtores, como Vietnã e Colômbia, já enfrentam tarifas elevadas, aproximando-se de 20%, o que pode limitar ainda mais as opções para o mercado norte-americano.

No Brasil, o café representa 1,85% do Produto Interno Bruto (PIB) e é um dos principais itens de exportação do país. Nos Estados Unidos, o setor é responsável por cerca de 1,2% da economia. Apesar das incertezas, há uma expectativa de que seja possível negociar uma solução rápida para o impasse, mantendo as relações comerciais entre os dois países. Os envolvidos no setor acreditam que é necessário ter maturidade política e técnica para resolver a situação.

Além do café, houve movimentações em outros setores agrícolas. O milho registrou alta no mercado internacional. Em Chicago, os contratos para dezembro avançaram 1,01%, fechando a US$ 4,24 por bushel. Esse aumento foi impulsionado pelo crescimento da produção de etanol nos Estados Unidos e por um acordo comercial recente entre os EUA e a Indonésia, que animou as perspectivas de demanda.

Na última semana, a produção média de etanol nos Estados Unidos cresceu para 1,087 milhão de barris por dia. Mesmo assim, as boas condições das lavouras, com 74% da safra classificadas como boas ou excelentes, limitaram um aumento maior nos preços.

A soja também teve um dia positivo, encerrando com alta após três sessões seguidas de queda. O contrato de novembro subiu 1,20%, impulsionado pela compra de 120 mil toneladas de soja americana para um destino não revelado, geralmente considerado como a China. Essa movimentação sugere uma possível reaproximação comercial entre a China e os Estados Unidos, especialmente após os EUA permitirem que empresas como a Nvidia voltem a vender chips para o mercado chinês em troca de acesso a minerais estratégicos.

No mercado interno, os preços do boi gordo caíram substantialmente. Os contratos apresentam uma queda expressiva e o setor busca um suporte técnico em torno dos R$ 306 por arroba. Por outro lado, o petróleo também teve uma queda, sendo negociado a aproximadamente US$ 68 por barril, após não conseguir ultrapassar níveis de resistência técnica.