
Um novo estudo sugere que a ideia de que precisamos de oito horas de sono ininterruptas pode não ser universal. Entenda a visão dos cientistas sobre o descanso ideal.
A recomendação de dormir oito horas por noite virou quase uma regra de ouro para a saúde. Crescemos ouvindo que essa é a chave para ter energia, um corpo saudável e uma mente afiada. Mas a ciência, de tempos em tempos, adora nos fazer repensar essas certezas absolutas.
Pesquisadores estão sugerindo que essa ideia de sono ininterrupto pode não ser tão fundamental quanto imaginamos. O foco, agora, está mudando da quantidade fixa para a qualidade do descanso e as necessidades individuais de cada pessoa.
A novidade é que, para muitos, um padrão de sono diferente, que inclui pausas ou menos tempo total, pode ser tão eficaz ou até mais adequado ao nosso corpo.
Essa observação científica não é um convite para dormir menos e sim um lembrete de que a nossa relação com o sono é mais flexível do que a fórmula de oito horas tenta impor.
É importante olhar para a história e para a forma como nossos antepassados dormiam para entender que o sono sempre foi uma atividade que se adaptou à rotina e ao ambiente.
A origem do mito das 8 horas de sono
Quando olhamos para trás, percebemos que a nossa forma de dormir mudou drasticamente. Antes da invenção da luz elétrica, por exemplo, o sono não era uma coisa única e contínua. As pessoas tinham um padrão chamado sono bifásico.
Funcionava assim: elas dormiam por um período inicial de cerca de quatro horas, acordavam no meio da noite para fazer alguma atividade, orar ou conversar, e depois voltavam a dormir por mais algumas horas.
Esse modelo de duas fases de sono era comum na Idade Média. A rotina só mudou com o advento das lâmpadas elétricas e a Revolução Industrial.
Com a iluminação artificial, as pessoas passaram a estender suas atividades noturnas e precisaram compactar o descanso em um único bloco. Foi nesse momento que surgiu a ideia de que dormir direto por oito horas era o padrão ideal.
O que os cientistas estão notando é que a rigidez dessa regra das oito horas é mais uma norma cultural e industrial do que uma necessidade biológica universal.
A ciência do sono na visão dos pesquisadores
Estudos mais recentes estão focando na eficiência do sono e na forma como o corpo se recupera. A chave para um bom descanso está nas fases profundas e no sono REM (movimento rápido dos olhos), que são os momentos onde o cérebro processa informações e o corpo se regenera de verdade.
Para algumas pessoas, quatro ou cinco horas de sono profundo de alta qualidade podem ter um efeito reparador superior a oito horas passadas na cama, mas com muitos despertares ou sono leve.
Os pesquisadores sugerem que o foco não deveria ser apenas em alcançar um número, mas em ouvir o próprio corpo. Algumas pessoas são naturalmente “curto-dormidoras” e funcionam bem com menos de sete horas, enquanto outras precisam de nove para se sentirem realmente descansadas.
A genética tem um papel nisso. Existem variações nos genes que regulam o nosso relógio biológico que podem influenciar o quanto de sono precisamos.
Tentar forçar oito horas quando o seu corpo só precisa de seis e meia pode levar à frustração e a noites mal dormidas, o que acaba sendo pior para a saúde mental.
Como encontrar a sua necessidade real de sono
Se o padrão de oito horas não é uma regra para todos, a pergunta que fica é: quanto eu preciso dormir? A melhor forma de descobrir é prestando atenção nos sinais que o seu corpo dá.
Quando você dorme um número ideal de horas, você deve acordar naturalmente sem a ajuda do despertador e se sentir alerta e disposto durante a maior parte do dia.
Um teste prático que você pode fazer é tirar uns dias de folga e deixar o despertador de lado. Anote o tempo que você dormiu nessas noites. Se você acordar consistentemente com, por exemplo, sete horas e meia, essa é a sua necessidade real.
Outro ponto importante é a qualidade do sono. Evitar cafeína, álcool e telas luminosas antes de dormir ajuda o corpo a entrar mais rápido nas fases de descanso profundo.
Um ambiente escuro, silencioso e com temperatura agradável também é essencial para garantir um sono restaurador. Lembre-se: o que importa de verdade é como você se sente, e não o que o relógio diz.
