
Centenas de professores e trabalhadores da educação no Rio Grande do Sul se reuniram na Assembleia Legislativa na manhã desta terça-feira, 2 de outubro, para reivindicar mudanças na Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2026. O movimento, liderado pelo Cpers Sindicato, junto com a Central Única dos Trabalhadores do RS (CUT-RS) e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), exige a inclusão de uma emenda que garante a reposição salarial de 15,2% para toda a categoria. Os manifestantes destacaram que essa reposição é essencial para a melhoria das carreiras, dos salários e da dignidade profissional.
Apesar de a emenda não ter sido votada junto ao orçamento, Rosane Zan, presidente do Cpers, considerou a mobilização como uma vitória. Ela mencionou uma audiência pública recente em Uruguaiana, onde questionou o líder do governo, Frederico Antunes, sobre a ausência de reajustes salariais nos últimos 11 anos. Rosane comentou também que duvida da veracidade dos investimentos em educação alegados pelo governo.
O representante dos aposentados, Marino Simon, falou sobre a situação crítica do Instituto de Previdência do Estado (IPE), afirmando que o governo não está cumprindo suas obrigações em relação aos salários dos servidores e que o IPE enfrenta R$ 600 milhões em dívidas. Ele apontou a falta de médicos credenciados no interior, o que obriga os trabalhadores a pagarem por consultas que podem chegar até R$ 300 fora do sistema.
A mobilização se iniciou às 9h, com os servidores ocupando a Praça da Matriz, em frente à Assembleia e ao Palácio Piratini, e se estendeu até o final da votação do orçamento.
### Votação do Orçamento 2026
Na mesma tarde, a Assembleia Legislativa aprovou, com 32 votos a favor e 18 contra, o orçamento do estado para 2026. O Projeto de Lei 350/2025, enviado pelo Poder Executivo, prevê uma receita estimada de R$ 88,93 bilhões e despesas totais de R$ 92,72 bilhões, resultando em um déficit de R$ 3,79 bilhões.
O relator da proposta, Frederico Antunes, incorporou 2.420 emendas entre as 2.542 apresentadas. O orçamento também destina R$ 220 milhões para emendas parlamentares, com um mínimo de R$ 4 milhões para cada deputado, dos quais 50% devem ser direcionados à saúde. Valores significativos foram alocados para diferentes áreas, incluindo R$ 13,5 bilhões para educação, R$ 8,6 bilhões para saúde e R$ 8,8 bilhões para segurança.
A deputada Luciana Genro criticou a falta de investimento na recomposição salarial dos servidores, que acumularam perdas superiores a 62%. Para ela, as políticas de austeridade e de privatizações não funcionaram e resultaram em um déficit orçamentário significativo.
A proposta também enfrentou críticas de outras bancadas. A Federação PT/PCdoB votou contra, alegando que o orçamento não atende às mínimas destinações legais para educação e saúde. Um alerta adicional foi feito sobre a alocação de R$ 3 bilhões do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs) sem destinação específica, levantando preocupações sobre a possibilidade de esses recursos serem usados em campanhas eleitorais.
Parlamentares de diferentes posições também apresentaram críticas ao governo, como Rodrigo Lorenzoni e Airton Artus. Enquanto Lorenzoni destacou o desequilíbrio financeiro persistente, Artus e Professor Bonatto defenderam a continuidade de programas bem-sucedidos na área da segurança e melhorias na saúde.
Essa situação gerou um debate intenso na Assembleia, refletindo as tensões entre as demandas dos servidores e as decisões orçamentárias do governo.

