
Caminhoneiros de diversas regiões do país estão se mobilizando para uma paralisação nacional programada para a próxima quinta-feira, dia 4. O principal objetivo do protesto é destacar questões que afetam a categoria há muitos anos, como melhorias nas condições de trabalho. As lideranças do movimento enfatizam que a ação não possui ligação política ou partidária, mas se concentra em demandas específicas da profissão.
Na semana passada, houve uma tentativa de organizar uma greve em resposta à prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas essa mobilização não avançou. Agora, os caminhoneiros estão redirecionando suas reivindicações para questões diretamente relacionadas ao ambiente de trabalho.
Daniel Souza, um caminhoneiro e influenciador digital com cerca de 100 mil seguidores no TikTok, é um dos articuladores dessa mobilização. Ele compartilha a realidade enfrentada pelos caminhoneiros, que incluem baixos salários, dificuldade em cumprir regulamentações devido à falta de infraestrutura e a insegurança nas estradas. Segundo Souza, a situação da categoria se agravou nos últimos anos e o desrespeito pelos direitos dos caminhoneiros tem aumentado.
Entre as principais reivindicações estão a estabilidade no emprego, a aplicação rigorosa das leis de transporte, a reestruturação do Marco Regulatório do Transporte de Cargas e a possibilidade de aposentadoria especial após 25 anos de atividade comprovada.
O presidente da Associação Catarinense dos Transportadores Rodoviários de Cargas (ACTRC), Janderson Maçaneiro, conhecido como Patrola, acredita que o movimento pode ganhar força, citando o elevado número de caminhoneiros insatisfeitos com a situação atual.
O Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens (Sindicam) também se manifestou, afirmando que apoiará a paralisação, caso os caminhoneiros decidam realizá-la. A entidade destacou que a decisão de uma greve deve partir dos caminhoneiros e eles receberão apoio, se necessário.
Porém, nem todos dentro da categoria estão de acordo com a mobilização. Grupos de caminhoneiros autônomos da Baixada Santista se opõem à paralisação, alegando que ela possui motivações políticas. Marcelo Paz, presidente da Cooperativa dos Caminhoneiros Autônomos do Porto de Santos (CCAPS), disse que não houve uma assembleia para deliberar sobre a paralisação, apontando que é necessário haver um diálogo formal e uma votação antes de tomar uma decisão desse tipo.
Um marco importante na história recente da categoria aconteceu em 2018, quando caminhoneiros de todo o país pararam por 10 dias em protesto contra o aumento dos preços do diesel. A greve resultou em desabastecimento de combustíveis e alimentos e terminou após o então presidente Michel Temer aceitar parte das reivindicações dos trabalhadores.
Em resumo, os caminhoneiros estão organizando uma paralisação nacional para quinta-feira (4), focando em melhorias nas condições de trabalho, sem viés político. As principais reivindicações incluem estabilidade no emprego e aposentadoria especial, sendo que a mobilização conta com o apoio de algumas entidades, mas também enfrenta divergências internas, especialmente entre caminhoneiros da Baixada Santista.

