Encontro discute soluções para a violência em Cabo de Santo Agostinho

Na tarde deste sábado, 23 de setembro, jovens do Cabo de Santo Agostinho, conhecido por ter altos índices de violência em Pernambuco, se reuniram para discutir a segurança pública no município. O evento, chamado Conferência Popular de Segurança Pública, foi organizado pelo Fórum de Juventudes do Cabo (Fojuca). A programação começou ao meio-dia e se estendeu até as 17 horas, na sede do Centro das Mulheres do Cabo, localizada na rua Padre Antônio Alves, nº 20, no centro da cidade.

O principal objetivo do encontro é promover um debate sobre a violência que afeta a região e apresentar propostas de prevenção e proteção à vida, com foco especial nas juventudes das periferias, incluindo crianças e adolescentes. A abertura do evento contou com a participação de representantes da Defensoria Pública de Pernambuco, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Instituto Fogo Cruzado, organização que monitora a violência armada na área metropolitana do Recife. A realização do encontro teve o apoio do Centro das Mulheres do Cabo, Fundo Brasil e a ONG Arco.

Durante a Conferência Popular, os participantes trabalharam na elaboração do documento intitulado “Territórios Vivos”. Este plano de prevenção à letalidade é baseado em quatro áreas principais: os efeitos da violência na comunidade, ações do governo para prevenir a violência, ações de repressão e iniciativas de prevenção social. Glaubberthy Rusman, um dos organizadores do evento, destacou que a intenção é construir propostas concretas para serem apresentadas à prefeitura, vereadores, Governo do Estado e à população, visando encontrar caminhos para reduzir a violência na cidade.

O Cabo de Santo Agostinho, que está localizado a cerca de 35 quilômetros do Recife, tem enfrentado um grave problema de violência, figurando entre os municípios mais violentos do Brasil. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025, com dados de 2024, o município ocupa a 5ª posição no ranking de homicídios, com uma taxa de 73,3 mortes por 100 mil habitantes. Essa taxa representa um aumento de 16,1% em comparação ao ano anterior, com um total de 159 homicídios registrados em 2024.

A violência no Cabo está relacionada, em parte, a disputas entre facções criminosas envolvidas no tráfico de drogas, como o Comando do Litoral, também conhecido como Trem Bala. Entre os municípios com os maiores índices de homicídios, estão também São Lourenço da Mata, que ocupa o 6º lugar, com uma taxa de 73 mortes por 100 mil habitantes, o que representa um aumento de 24,6% e um total de 86 mortes em 2024. Assim como no Cabo, as disputas pelo tráfico de drogas têm contribuído para o aumento da violência na cidade.

Além disso, Pernambuco está entre os estados com altos índices de homicídios, ocupando a 4ª posição, com uma taxa de 36,2 homicídios por 100 mil habitantes, atrás apenas de Amapá, Bahia e Ceará. O perfil das vítimas é predominantemente masculino, negro ou pardo, jovem e oriundo de comunidades periféricas. A conferência teve a intenção de fomentar o diálogo e criar estratégias para enfrentar essa realidade preocupante.