
Na última quinta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter inalteradas suas principais taxas de juros. Esta decisão ocorre após oito cortes consecutivos nas taxas, numa análise que leva em conta o cenário econômico global incerto e a inflação na zona do euro, que permanece dentro da meta de 2% no médio prazo.
As taxas de juros permanecem assim:
– 2% para depósitos
– 2,15% para refinanciamento
– 2,40% para empréstimos
A decisão foi unânime entre os diretores do BCE, especialmente após o dado que mostrou que a inflação ao consumidor, em junho, registrou uma taxa de 2% na comparação anual.
Christine Lagarde, presidente do BCE, falou em coletiva após o anúncio e destacou que o momento é de cautela. “Estamos em uma situação de esperar e ver. Podemos dizer que estamos em pausa”, afirmou. Lagarde enfatizou que o BCE seguirá uma estratégia baseada em dados e avaliará suas políticas a cada reunião.
Ela também anunciou que o banco não se comprometerá com um caminho futuro fixo para as taxas de juros. “Não vou excluir nenhuma opção. O futuro dirá se serão necessárias medidas diferentes. Devemos agir conforme os dados forem chegando”, explicou.
Em seu discurso, Lagarde indicou que as pressões de preços internos estão diminuindo, mas que o crescimento dos salários também está perdendo força. “Nosso foco é o médio prazo”, acrescentou. Embora o choque inflacionário recente tenha sido superado, novas pressões podem surgir, especialmente devido a tensões comerciais. Ela mencionou que mudanças nas rotas comerciais podem causar problemas nas cadeias de suprimento.
Uma preocupação adicional destacada por Lagarde foram as possíveis tarifas recíprocas de 30% entre a União Europeia e os Estados Unidos, que podem trazer mais incertezas. Ela alertou que os impactos dessas tarifas sobre a inflação ainda não podem ser completamente calculados.
Além disso, a valorização do euro foi outro ponto importante. Lagarde comentou que o fortalecimento da moeda europeia pode reduzir a inflação mais do que o esperado, além de desestimular investimentos. “Não temos uma meta cambial, mas a taxa de câmbio é relevante para nossas projeções econômicas”, observou.
Apesar das incertezas externas, Lagarde destacou que as previsões de crescimento da economia continuam positivas e que as expectativas de inflação estão sob controle. Ela defendeu ainda o aprofundamento da união financeira da zona do euro e a implementação da regulamentação do euro digital, classificando-o como uma nova forma de dinheiro.
Por fim, o BCE reafirmou que está preparado para ajustar suas políticas monetárias sempre que necessário, garantindo que sua estratégia seja eficaz em toda a zona do euro. Lagarde concluiu lembrando que ainda há uma quantidade significativa de liquidez na região.