
Na terça-feira, 22 de agosto, o Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira, fechou o dia com uma leve queda de 0,10%, somando 134.035,72 pontos. Esse movimento é indicativo da cautela do mercado em relação à crise comercial com os Estados Unidos, que foi exacerbada por recentes medidas tarifárias anunciadas pelo ex-presidente Donald Trump.
As ações de grandes empresas, conhecidas como blue chips, ajudaram a mitigar as perdas do índice. A Vale, uma das companhias mais influentes no Ibovespa, teve alta de 2,59%, impulsionada pela valorização do minério de ferro. A Petrobras também acompanhou essa tendência e viu suas ações ON e PN subirem 1,04% e 0,97%, respectivamente, acompanhando o aumento nos preços do petróleo. Por outro lado, o setor bancário teve desempenho negativo, com a maioria das ações apresentando perdas ao longo do dia.
No cenário internacional, um acordo comercial entre os Estados Unidos e o Japão trouxe um otimismo inesperado para o mercado na quarta-feira, 23. O índice japonês Nikkei 225 subiu 3,59% após o anuncio do pacto, que estabeleceu uma tarifa de 15% para produtos japoneses entrantes nos EUA. Trump declarou que o Japão investirá cerca de 550 bilhões de dólares nos Estados Unidos, dos quais o país americano receberá 90% dos lucros. Além disso, os EUA estão progredindo em negociações com outros parceiros comerciais, incluindo China, Reino Unido, Filipinas e Indonésia.
No Brasil, o governo anunciou mudanças no Relatório Bimestral, que surpreenderam o mercado. Para possibilitar gastos extras de 20,6 bilhões de reais em 2025, a administração aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e antecipou receitas de leilões do pré-sal, reduzindo a contenção orçamentária prevista de 31,3 bilhões de reais para 10,7 bilhões. Com o acréscimo de 27,1 bilhões de reais em receitas, predominantemente extraordinárias, a equipe econômica revisou sua projeção para o resultado primário de 2025, prevendo um déficit de 26,3 bilhões de reais, o que corresponde a 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB).
Principais Manchetes da Manhã
- O aumento da exportação de produtos com valor agregado para os EUA impacta o setor no Brasil.
- As vendas de carne brasileira para os Estados Unidos caíram em 80% antes da implementação das tarifas.
- O governo brasileiro vê uma possibilidade remota de adiar as tarifas de Trump e considera enviar uma delegação a Washington.
- O acordo que fez Trump reduzir tarifas ao Japão tem um investimento de 550 bilhões de dólares como parte do compromisso.
- O Banco Central identificou que robôs realizaram operações cambiais antes do aumento das tarifas.
Mercado Global
As Bolsas da Europa subiram, refletindo a expectativa de acordos comerciais similares com a União Europeia com o recente pacto EUA-Japão. O setor automotivo europeu registrou ganhos significativos, enquanto o UniCredit, um dos principais bancos italianos, reportou um lucro superior ao esperado e elevou suas previsões para 2025.
Na Ásia, a Bolsa de Tóquio teve um desempenho notável, com destaque para a alta impulsionada pelo acordo comercial com os Estados Unidos. Apesar disso, as bolsas chinesas apresentaram pouca movimentação.
Nos Estados Unidos, os índices futuros também operaram em alta, refletindo o otimismo gerado pelo acordo comercial. Entre os principais índices, o S&P 500 futuro teve alta de 0,4%, enquanto o Nikkei 225 subiu 3,5%.
Commodities
- Petróleo: Os preços continuaram a cair, com uma perda de cerca de 1% na sessão anterior, após a União Europeia manifestar preocupação sobre as tarifas. O Brent foi cotado a 68,32 dólares, enquanto o WTI estava a 65,02 dólares.
- Minério de Ferro: O preço do minério de ferro fechou em queda, cotado a 113,37 dólares por tonelada em Dalian e 104,60 dólares em Singapura.
Cenário Internacional e Nacional
Nos Estados Unidos, houve uma reação positiva às declarações do secretário do Tesouro sobre a continuidade de Jerome Powell à frente da Reserva Federal. No entanto, Trump criticou novamente a política monetária, afirmando que as taxas de juros deveriam ser reduzidas em pelo menos três pontos percentuais.
No Brasil, a cautela nas relações comerciais com os EUA prevalece. O secretário-executivo do Ministério da Fazenda anunciou que um plano de contingência está sendo elaborado para apoiar empresas afetadas pelas tarifas, visando o menor impacto fiscal possível. O presidente do Banco Central também se reunirá com representantes de outros países para discutir esses assuntos.
Destaques do Mercado Corporativo
- Neoenergia: Reportou um lucro líquido de 1,6 bilhão de reais no segundo trimestre, o que representa um aumento significativo em comparação ao ano anterior.
- Weg: Anunciou um pagamento de 719,3 milhões de reais em dividendos intermediários.
- Tim: Divulgou que irá pagar 230 milhões de reais em juros sobre capital próprio.
- Vale: Teve produção de minério de ferro de 83,6 milhões de toneladas no segundo trimestre, um crescimento de 3,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
- GOL: Recebeu um prazo até janeiro de 2027 para se adequar às exigências de quantidade mínima de ações em circulação.
- Sabesp: Após um ano de privatização, a empresa contabiliza 10,6 bilhões de reais em investimentos já realizados.