Brasil vive a maior transferência de riqueza e Avenue investe

A Avenue, uma corretora focada em investimentos internacionais, está observando uma grande mudança no perfil dos investidores brasileiros para os próximos 25 anos. Essa expectativa baseia-se em um estudo do banco UBS, que prevê uma das maiores transferências de riqueza da história mundial, com o Brasil se destacando como o segundo país mais impactado.

De acordo com o relatório “Global Wealth Report 2025”, estima-se que cerca de US$ 9 trilhões serão transferidos no Brasil entre 2025 e 2050, o que deve influenciar diretamente o comportamento dos investidores e o tipo de carteiras que serão formadas.

Daniel Haddad, CIO da Avenue, destacou que a nova geração de herdeiros se comportará de forma diferente em relação ao dinheiro. Eles são mais conectados e têm uma visão global, buscando investimentos que se afastam dos tradicionais modelos de seus pais.

Transferência de Riqueza Global

O estudo do UBS aponta que, globalmente, mais de US$ 83 trilhões em patrimônio devem ser transferidos nos próximos 20 a 25 anos. Essa transferência será divida em duas formas:

  • US$ 74 trilhões por herança direta (de pais para filhos ou netos).
  • US$ 9 trilhões por transferências horizontais, especialmente entre cônjuges.

Os Estados Unidos estão no topo, com uma estimativa de US$ 29 trilhões a serem herdados. O Brasil ocupa a segunda posição, superando até mesmo a China, que deve transferir cerca de US$ 5,6 trilhões.

Desigualdade e Perfil da Riqueza no Brasil

O Brasil terminou 2024 com o maior Índice de Gini entre 56 países analisados, indicando uma grande desigualdade na distribuição de riqueza. Embora o patrimônio médio por adulto nas Américas seja de US$ 312 mil, na América Latina esse número cai para apenas US$ 34.694. No entanto, o Brasil registrou um crescimento no patrimônio médio entre 23% e 26,5% de 2020 a 2024.

A composição da riqueza no Brasil é distinta em comparação a países desenvolvidos, com os ativos financeiros representando apenas 30% do patrimônio total. Em contrapartida, 70% são formados por ativos não financeiros, como imóveis. A dívida média no Brasil é de cerca de 10% do patrimônio, nível abaixo da média global. O país também possui aproximadamente 433 mil milionários, o maior número da América Latina.

Haddad também chamou a atenção para o fato de que, à medida que essa transferência acontecer, novas figuras de milionários devem surgir, embora muitos estejam deixando o Brasil. Ele enfatizou que a perda desses milionários para o exterior representa um desafio.

Desafios na Gestão do Patrimônio

O estudo ressalta que lidar com heranças pode ser complicado. Nos EUA, cerca de 80% das mulheres que herdaram patrimônio enfrentaram dificuldades para localizar e gerir os bens. Isso é um alerta para o Brasil, onde a cultura de planejamento financeiro ainda é incipiente.

Cerca de 74% das pessoas que esperam herdar não se sentem preparadas para administrar os recursos, e quase um terço não sabe onde estão os ativos. Esses dados refletem a necessidade de uma maior conscientização sobre o planejamento patrimonial.

Transformação do Perfil do Investidor

Haddad observou que a nova geração terá um comportamento diferente ao investir. Eles estão habituados a interações globais e frequentemente buscam diversificação em suas carteiras. Para esses investidores, a exposição ao dólar é crucial para manter o poder de compra.

Investir fora do Brasil, que anteriormente era visto como um risco, agora é considerado uma estratégia inteligente para proteção financeira. Ele comparou essa lógica com as reservas em moeda estrangeira que o Banco Central mantém, ressaltando que é essencial para proteger os ativos contra crises.

Foco em um Novo Perfil de Cliente

A Avenue tem direcionado seu trabalho a investidores que possuem entre US$ 100 mil e US$ 500 mil investidos fora do Brasil. Esses clientes estão começando a se destacar no mercado e tendem a investir em empresas globais, como Nvidia e Tesla, ao invés de opções mais tradicionais, como Petrobras.

O CEO da Avenue, Roberto Lee, ressaltou a importância dessa mudança, referindo-se a uma "diáspora patrimonial brasileira". Ele acredita que estamos apenas no começo de uma transformação significativa que impactará o mercado por várias décadas. Para atender a essa demanda, a corretora está adotando um modelo de assessoria fee-based, onde a remuneração é baseada na quantidade investida, e não em comissões.

Com essas mudanças em curso, a Avenue visa se posicionar como líder nesse novo cenário de investimentos internacionais, atendendo às expectativas de uma nova geração de investidores.