
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, registrou nesta quarta-feira (9) sua terceira queda consecutiva, encerrando o pregão com uma desvalorização de 1,31%, aos 137.480,79 pontos.
De um total de 84 ações que compõem a carteira teórica do índice, apenas oito tiveram alta. A Vale, que possui um peso significativo no Ibovespa, caiu 0,99%. As ações da Petrobras também apresentaram recuo, com a ON (ordinárias) caindo 1,45% e a PN (preferenciais) diminuindo 0,62%. No setor financeiro, o Itaú (PN) apresentou uma queda de 2,07%, enquanto o Banco do Brasil (ON) perdeu 2,50%.
Essa desvalorização foi fortemente influenciada pelo anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs tarifas comerciais de 50% sobre todas as importações do Brasil. A comunicação foi feita por meio de uma carta publicada na plataforma Truth Social, na qual Trump justifica as tarifas devido a questões comerciais. O anúncio pegou tanto o mercado financeiro quanto o governo brasileiro de surpresa.
Em resposta, o presidente Lula afirmou que o Brasil reagirá com a aplicação da Lei de Reciprocidade Econômica, devolvendo a carta ao embaixador dos Estados Unidos. Lula contestou as alegações feitas por Trump e as informações sobre a balança comercial entre os dois países.
Setores diversos da economia expressaram preocupação em relação à postura do governo e defenderam a resolução dos conflitos por meio da diplomacia. A expectativa é de que a reação do mercado e a repercussão do assunto impactem ainda mais os negócios nesta quinta-feira (10), uma vez que a tensão entre Brasil e Estados Unidos poderá resultar em uma crise diplomático-comercial.
As novas tarifas de Trump deverão afetar três commodities brasileiras importantes exportadas para os EUA: petróleo bruto, ferro/aço semimanufaturado e café verde. Isso pode comprometer a competitividade dos exportadores brasileiros e pressionar suas margens de lucro, além de provocar acúmulo de estoques no mercado interno.
Além do cenário internacional, o Brasil enfrenta desafios econômicos, com dados do IPCA de junho apontando uma alta de 0,24%, confirmando a tendência de desaceleração da inflação. Essa situação se torna ainda mais grave diante da recente crise comercial desencadeada pelas tarifas de Trump.
Segundo informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações brasileiras, mas suas compras representam menos da metade do total de US$ 94,372 bilhões que o Brasil exportou para a China.
As bolsas na Europa operam em alta, sem demonstrar tensão em relação às novas tarifas. Por outro lado, na Ásia, os índices também fecharam em alta, exceto no Japão. Em Nova York, os índices futuros abriram em queda após o anúncio de Trump.
No mercado de commodities, o petróleo recuou ligeiramente, enquanto o minério de ferro registrou aumento significativo na China.
No Brasil, a repercussão do anúncio americano sobre tarifas e as declarações de Trump permanecem no centro das atenções do mercado, enquanto outros acontecimentos, como a reunião entre o governo e o Congresso para discutir o IOF, não avançaram.
No âmbito corporativo, a Azul recebeu aprovações para prosseguir com sua reestruturação financeira nos Estados Unidos, e a Ferrero está perto de um acordo para adquirir a Kellogg por cerca de US$ 3 bilhões. A mudança na presidência do conselho da Positivo e a reelegeção de membros da diretoria do Banco do Brasil também foram anunciadas.