XP aciona justiça contra empresa que a acusa de pirâmide

A XP Inc. anunciou que entrou com um processo judicial nos Estados Unidos contra a Grizzly Research LLC e seu fundador, Siegfried Eggert. A corretora brasileira acusa a empresa americana de divulgar um relatório considerado “falso e difamatório”, que resultou na queda do valor de suas ações e prejudicou sua imagem ao sugerir que a XP estaria envolvida em um esquema de pirâmide financeira.

A ação foi registrada no Tribunal Federal do Distrito Sul de Nova York, uma das cortes mais relevantes para o setor financeiro dos EUA. No processo, a XP alega que a Grizzly publicou informações enganosas intencionalmente, com o objetivo de manipular o mercado e lucrar com a desvalorização das suas ações na Nasdaq, a bolsa de valores de tecnologia dos Estados Unidos.

De acordo com Dan Fetterman, advogado da XP, as acusações feitas pela Grizzly são “comprovadamente falsas e enganosas”. O escritório de advocacia que representa a XP busca justiça e responsabilização por esse que seria um esquema ilegal conhecido como “short-and-distort”. Essa prática envolve um investidor que aposta na queda de uma ação e, em seguida, espalha informações falsas ou distorcidas para decepar o valor do papel, visando lucrar com a descida do preço.

O problema começou em 12 de março de 2025, quando a Grizzly Research, que se especializa em operar ações vendidas, publicou um relatório acusando a XP de gerenciar fundos que teriam retornos anormais. A corretora supostamente estaria sustentando seus resultados, que incluíam um retorno superior a 2.400% em cinco anos por meio de uma estrutura semelhante a um esquema Ponzi, segundo a Grizzly.

Após a publicação do relatório, as ações da XP caíram mais de 5% no mesmo dia. A empresa rebateu as acusações, afirmando que as informações eram falsas e se comprometeu a tomar todas as medidas legais necessárias, o que agora se concretiza com o processo atual.

A Grizzly Research faz parte de um grupo que utiliza a estratégia de “short selling”, que é legal nos Estados Unidos. Esse método consiste em vender ações esperando que o preço delas caia. O investidor rapidamente publica relatórios que expõem problemas na empresa, e se o mercado acreditar nas alegações, ele consegue lucrar.

Embora essa prática possa ajudar a identificar fraudes reais, ela também pode ser mal utilizada. Informações exageradas e manipuladas podem causar danos profundos, como a destruição de reputações e prejuízos bilionários para empresas.

A XP argumenta que o relatório da Grizzly tinha um objetivo claro de gerar pânico no mercado e beneficiar financeiramente seus autores ao desvalorizar suas ações.

O confronto entre a XP e a Grizzly traz à tona uma discussão mais ampla sobre os limites da liberdade de expressão no mercado financeiro, a responsabilidade de quem publica análises e a postura dos investidores. Especialistas já apontaram que a polarização na forma como o mercado brasileiro reagiu ao relatório pode não ser saudável, comparando o comportamento dos investidores a torcidas de times de futebol, onde a emoção muitas vezes supera o raciocínio crítico.

Com o processo em andamento, espera-se que o caso traga implicações significativas sobre a atuação dos chamados “short sellers” e sobre a responsabilidade em publicações financeiras que impactam diretamente o valor das ações. A XP afirmou que não se manifestará publicamente enquanto o processo estiver em curso, mas a expectativa é que o caso atraia atenção de reguladores, investidores institucionais e da mídia internacional, com repercussões para um mercado cada vez mais delicado.