A arte de afastar parceiros

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou cartas a 14 países, ameaçando impor tarifas de importação que podem variar de 25% a 40%, a partir de 1.º de agosto. Entre os alvos estão nações com as quais os EUA mantêm relações comerciais históricas, como Japão e Coreia do Sul.

Por meio de sua rede social, Trump comunicou que essas tarifas se tratam de uma resposta a déficits comerciais que, segundo ele, são estratégias deliberadas dos países parceiros para enfraquecer a economia americana. Este novo movimento ocorre pouco depois de uma série de anúncios de tarifas anteriores, que já foram alteradas várias vezes, levando muitos a duvidarem da seriedade de suas ações. O termo “Taco”, que significa “Trump Always Chickens Out” (Trump sempre amarela), ganhou popularidade, refletindo essa desconfiança em torno de suas promessas.

As constantes ameaças de Trump impactam não apenas as economias dos países visados, mas também a estabilidade dos mercados globais. Empresas menores, que representam milhões de empregos, enfrentam dificuldades maiores para se adaptar a essa incerteza do que as companhias de grande porte, que costumam ter mais recursos para lidar com crises.

As tarifas ameaçam comprometer alianças estratégicas construídas ao longo de décadas. Um exemplo claro é a relação dos EUA com o Japão, que é um dos principais aliados desde o final da Segunda Guerra Mundial, com laços em diversas áreas, incluindo segurança e comércio. Trump acredita que o Japão merece punições, pois é um dos maiores exportadores de veículos para os EUA, o que contribui para o déficit comercial americano. No entanto, ele parece ignorar a importância do Japão como um contrapeso à China na Asia, um dos principais concorrentes comerciais dos EUA.

Curiosamente, países como a Rússia, liderada por Vladimir Putin, não foram afetados até agora pelas taxas propostas por Trump. Enquanto no passado houve ameaças de tarifas de até 100% contra a Rússia e outros países do Brics, a atenção do presidente se voltou para aliados próximos ao invés de abordar mercados que realmente competem com os EUA.

Assim, a expectativa é que Trump, ao se mostrar “desapontado” com a falta de ações de Putin em relação à guerra na Ucrânia, direcione seu foco e críticas mais para os verdadeiros desafios comerciais e geopolíticos que os EUA enfrentam.