
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, registrou uma queda de 1,26% nesta segunda-feira (7), fechando a 139.489,70 pontos. Essa foi a primeira interrupção da sequência de recordes que o índice vinha apresentando.
A correção foi influenciada por fatores técnicos, mas também houve impacto com os novos anúncios de tarifas comerciais dos Estados Unidos sobre países que ainda não firmaram acordos.
Além disso, declarações do presidente americano, Donald Trump, sobre a política brasileira, afetaram o clima no mercado. Trump manifestou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e criticou o que chamou de “caça às bruxas” no Brasil, enquanto o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu a soberania nacional.
No âmbito internacional, nesta terça-feira (8), o clima de aversão ao risco é forte, especialmente com a possível escalada de uma nova crise global devido aos novos impostos mencionados por Trump. A Casa Branca enviou cartas a 14 países com ofertas de tarifas, prorrogando a data-limite para fechar acordo até 1º de agosto. Caso contrário, os países poderão enfrentar alíquotas dobradas.
Inicialmente, tarifas de 25% foram aplicadas a produtos do Japão e da Coreia do Sul. Outros países também foram incluídos nas tarifas: Laos e Mianmar (40%), Tailândia e Camboja (36%), Sérvia e Bangladesh (35%), Indonésia (32%), Bósnia (30%), Tunísia e Cazaquistão (25%) e Vietnã (20%).
O governo brasileiro optou por não se deixar levar pelas declarações provocativas de Trump, mas o temor de uma taxa adicional de 10% para países que apoiam as políticas “antiamericanas” dos Brics é uma preocupação. Durante a Cúpula, Lula destacou a possibilidade de se adotar uma moeda alternativa ao dólar para transações internacionais, gerando reações negativas de Trump.
Em entrevista, Todd Martinez, chefe de títulos soberanos da Fitch Ratings, apontou que o Brasil pode ser impactado pelas ameaças de Trump, por estar alinhado ideologicamente com seu governo.
No mercado global, as Bolsas da Europa operam estáveis, após o anúncio do novo prazo para os acordos comerciais. Analistas acreditam que a estratégia de Trump consiste em aumentar a pressão para depois relaxar as alíquotas.
Na Ásia, os mercados fecharam majoritariamente em alta, exceto o índice Taiex, que caiu 0,30%. A expectativa de novos acordos também influenciou o pregão.
Nos Estados Unidos, os índices futuros abriram mistos, refletindo essa expectativa.
Em relação às commodities, o petróleo apresentou queda após descolar do movimento de alta nos mercados. O Brent para setembro caiu 0,65%, a US$ 69,13, enquanto o WTI para agosto recuou 0,84%, a US$ 67,36.
O minério de ferro, por sua vez, fechou em alta de 0,14% na China, cotado a US$ 102,17 por tonelada.
No Brasil, a agenda econômica do dia inclui a divulgação do IPC-S da primeira semana de julho, dados sobre vendas do varejo em maio e um leilão de NTN-B e LFT pelo Tesouro. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tem um almoço agendado com representantes de entidades financeiras.
No contexto da Cúpula do Brics, Brasil e Índia assinaram um memorando de entendimento visando fortalecer as relações comerciais entre os países, com foco em diversificação de mercados e desenvolvimento de setores como energia, tecnologia, alimentos e fertilizantes.
No mercado corporativo, a Oi protocolou um pedido para encerrar o processo de falência nos Estados Unidos, e a BRF aprovou a emissão de até R$ 2,5 bilhões em debêntures. Além disso, a Klabin fez a liquidação antecipada de parte de um empréstimo de US$ 150 milhões. Outras mudanças incluem a substituição do CEO do Carrefour e a aceitação da proposta de compra da Rio Alto pela gestora IG4 Capital.