Cpers pede reajuste e mobiliza entorno da Assembleia gaúcha

Centenas de professores e trabalhadores da educação do Rio Grande do Sul se mobilizaram nesta terça-feira (2) em frente à Assembleia Legislativa. O evento foi organizado pelo Centro dos Professores do Estado (Cpers Sindicato) com o objetivo de pressionar os deputados a incluir uma emenda na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2026. Essa emenda, elaborada em conjunto com a Central Única dos Trabalhadores do RS e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, busca garantir uma reposição salarial de 15,2% para toda a categoria. Os trabalhadores afirmam que essa medida é crucial para a valorização das carreiras, dos salários e da dignidade profissional.

Apesar de a emenda não ter sido aprovada no orçamento final, a presidente do Cpers, Rosane Zan, considerou a mobilização um sucesso, ressaltando a presença de funcionários de várias partes do estado, muitos dos quais aposentados. Rosane lembrou que, em uma audiência pública em Uruguaiana, questionou o líder do governo, o deputado Frederico Antunes, sobre a falta de reajustes salariais nos últimos 11 anos. A presidente também destacou a crença de que os investimentos em educação anunciados pelo governo não são verdadeiros.

Marino Simon, representante dos aposentados no Instituto de Previdência do Estado (IPE), também fez um apelo durante a mobilização. Ele afirmou que o governo deteriorou a situação do IPE ao não conceder os reajustes devidos, o que resultou em uma dívida de R$ 600 milhões. Simon mencionou que agora os servidores têm dificuldade em encontrar médicos credenciados pelo IPE Saúde e, frequentemente, são obrigados a pagar consultas de até R$ 300 do próprio bolso.

A mobilização começou às 9h na Praça da Matriz, em frente à Assembleia e ao Palácio Piratini, e prosseguiu até a votação do orçamento no final da tarde.

### A Votação do Orçamento de 2026

A Assembleia Legislativa aprovou o orçamento do estado para 2026 com 32 votos a favor e 18 contra. A proposta apresentou uma estimativa de receita de R$ 88,93 bilhões, com despesas totalizando R$ 92,72 bilhões e um déficit de R$ 3,79 bilhões.

O relator do orçamento, deputado Frederico Antunes, incorporou 2.420 emendas das 2.542 apresentadas. O orçamento destina R$ 220 milhões para emendas parlamentares, garantindo R$ 4 milhões por deputado, com 50% desse valor a ser investido em saúde. No total, R$ 13,5 bilhões estão reservados para a educação, R$ 8,6 bilhões para a saúde, R$ 8,8 bilhões para a segurança pública e R$ 5,6 milhões para o Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs).

A deputada Luciana Genro criticou a falta de recursos para a recomposição salarial dos servidores, que, segundo ela, já enfrentam perdas de mais de 62%. Luciana argumentou que a estratégia do governo de arrocho salarial e privatizações não trouxe resultados positivos, evidenciada pelo déficit orçamentário previsto.

A oposição, representada pela Federação PT/PCdoB, votou contra a proposta, alegando que ela não cumpre os percentuais mínimos constitucionais para educação e saúde. Além disso, questionaram a destinação de R$ 3 bilhões do Funrigs, alertando sobre o risco desses valores serem utilizados para fins eleitorais.

Por outro lado, deputados da situação, como Airton Artus e Professor Bonatto, defenderam a proposta, afirmando que as dificuldades financeiras enfrentadas pelo estado são problemas estruturais persistentes, e que o orçamento deve dar continuidade a programas bem-sucedidos nas áreas de segurança e saúde.

Essa votação e a mobilização dos trabalhadores demonstram a tensão sobre o uso de recursos públicos e a busca por melhores condições de trabalho e remuneração no setor da educação no estado.