Mozart Sales é cogitado como vice de João Campos no Recife

Nesta quarta-feira, 13 de setembro, o governo dos Estados Unidos anunciou a revogação dos vistos de dois brasileiros envolvidos no programa Mais Médicos: Alberto Kleiman e Mozart Sales. O secretário de Estado dos EUA, Marc Rubio, os classificou como “cúmplices” por sua atuação na coordenação do programa entre 2013 e 2018, durante o governo de Dilma Rousseff. O Mais Médicos, que teve colaboração da Organização Panamericana de Saúde (Opas), contratou médicos cubanos, uma prática que Rubio descreveu como “exploração de trabalhos forçados”.

Mozart Sales, de 56 anos, é um dos afetados pela decisão dos EUA. Ele teve seu nome cogitado para a vice-prefeitura do Recife nas eleições de 2024, sendo membro do Partido dos Trabalhadores (PT) e próximo da senadora Teresa Leitão. Embora estivesse na disputa, o prefeito João Campos (PSB) escolheu outro candidato para a vaga. Sales já foi vereador do Recife e atualmente ocupa o cargo de secretário de Atenção Especializada à Saúde, ligado diretamente ao ministro Alexandre Padilha. Com uma carreira sólida, ele também presidiu a Empresa Brasileira de Hemoderivados (Hemobrás).

Natural de Fortaleza, Ceará, Mozart se mudou para o Recife aos 20 anos para estudar medicina na Universidade de Pernambuco (UPE), onde se formou em 1995. Ele se especializou em medicina legal e tem um mestrado em perícias forenses pela mesma instituição. Também obteve doutorado em saúde integral no Instituto de Medicina Integral de Pernambuco (IMIP). Durante a campanha eleitoral, ele se envolveu ativamente apoiando candidatos do PT e aliados em diversas cidades.

O outro brasileiro, Alberto Kleiman, atuou como assessor de assuntos internacionais no Ministério da Saúde durante o governo Dilma e foi responsável por manter relações com a Opas. O governo dos EUA argumenta que a contratação de médicos cubanos foi uma forma de burlar os embargos impostos ao país e que isso beneficiou o regime cubano.

Os médicos cubanos trabalharam no Brasil até o final de 2018, quando o governo Bolsonaro decidiu encerrar a parceria, alegando preocupações com a segurança desses profissionais. Kleiman também foi nomeado para dirigir as relações institucionais da Secretaria Extraordinária para a COP-30, que prepara a Conferência da ONU sobre mudanças climáticas previsto para acontecer em Belém (PA) em novembro deste ano.

O ministro Alexandre Padilha se manifestou em defesa do programa Mais Médicos, afirmando que ele é essencial para a saúde pública e que os ataques sofridos pelos envolvidos são injustificáveis. Segundo Padilha, o programa tem salvado vidas e é amplamente apoiado pela população brasileira. O Mais Médicos, relançado em 2023, atualmente conta com cerca de 24,5 mil profissionais atuando em mais de 4 mil municípios brasileiros.

Desde sua implementação em 2013, o programa contratou cerca de 20 mil médicos, tanto brasileiros quanto estrangeiros, e atendeu mais de 63 milhões de pessoas, focando áreas carentes de serviços médicos, como comunidades indígenas, quilombolas e zonas rurais.