Dólar avança para R$ 5,56 em meio a tensões comerciais

Na sexta-feira, 25, o dólar à vista teve uma alta de 0,76%, fechando a R$ 5,5619. Essa elevação foi influenciada por tensões relacionadas a tarifas que os Estados Unidos podem impor sobre produtos brasileiros, com propostas de até 50%.

Logo após a divulgação de uma reportagem que indicou que a Casa Branca está preparando uma declaração de emergência para legalizar essa medida, o dólar atingiu seu valor máximo do dia. A justificativa para essas tarifas é que os Estados Unidos têm superávit na balança comercial com o Brasil, ao contrário de outros países que já estão com tarifas anunciadas, onde o déficit é a norma. Essa nova medida pode ser formalizada por uma ordem executiva do governo Trump.

A incerteza aumentou devido à falta de diálogos claros entre o governo brasileiro e os Estados Unidos. Na semana, o dólar acumulou uma queda de 0,46%, mas subiu 2,35% durante o mês de julho. No entanto, em 2023, a moeda americana ainda apresenta uma redução de cerca de 10% em relação ao real.

No cenário internacional, o índice DXY, que avalia o desempenho do dólar contra outras moedas fortes, subiu 0,32%, alcançando 97,688 pontos. O dólar também ganhou valor em comparação ao iene japonês, sendo cotado a 147,59 ienes por dólar, e à libra esterlina, que caiu 0,57%, equivalendo a US$ 1,3432. O euro teve uma leve desvalorização, caindo 0,09%, com a cotação a US$ 1,1740.

Dentro do Brasil, o real enfrentou pressão também devido a dados econômicos negativos. O setor externo registrou um déficit de US$ 5,1 bilhões em junho, superando as expectativas de analistas. Esse déficit em conta corrente ultrapassou o volume de Investimento Direto no País (IDP) nos últimos 12 meses, indicando uma diminuição na capacidade de atender as demandas externas.

Além disso, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) de julho subiu 0,33%, ligeiramente acima das expectativas, que eram de 0,31%. Essa alta levou a AZ Quest a revisar para cima sua projeção para o IPCA final de julho, passando de 0,37% para 0,39%. Os principais fatores para esse aumento foram os preços das passagens aéreas e itens de higiene pessoal.

Enquanto a situação com os Estados Unidos continua incerta, os investidores estão atentos às negociações comerciais entre os Estados Unidos e a União Europeia. Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, tem uma reunião programada com Donald Trump no domingo, 27, o que poderia abrir caminho para um novo acordo tarifário.

Na análise de Bruno Shahini, especialista da Nomad, a cautela deve persistir até que haja uma definição clara sobre a relação comercial entre Brasil e EUA. O fortalecimento do dólar global, juntamente com a instabilidade no comércio exterior, resultou no real sendo o ativo de pior desempenho no mercado doméstico durante o dia.