Bolsonaro e a Justiça: 10 episódios apontados pelo STF

Na última quarta-feira, dia 17, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tomou uma decisão que afeta diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, Eduardo Bolsonaro. O documento aponta que os dois teriam atuado em conjunto para pressionar o STF e interferir na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Essa pressão, segundo Moraes, saiu do âmbito nacional e incluiu estímulos a sanções por parte de países estrangeiros, especialmente dos Estados Unidos. Donald Trump, ex-presidente americano, impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, associando essa decisão a suas declarações sobre o processo penal que envolve Bolsonaro.

Na decisão do STF, Moraes enfatiza a importância da soberania nacional e a independência do Judiciário, afirmando que esses princípios são fundamentais na Constituição brasileira. Ele alertou que nenhum país pode aceitar que seu Judiciário seja coagido por episódios externos, especialmente quando provenientes de seus próprios cidadãos.

Após a operação da Polícia Federal, Jair e Eduardo Bolsonaro reagiram à decisão. Eduardo, que encontra-se nos Estados Unidos, descreveu a ação judicial como uma “invasão” e atacou Moraes chamando-o de “gangster de toga”. Para ele, o ministro estaria, de forma equivocada, tentando criminalizar o ex-presidente Trump por questões de política externa, alegando que Jair Bolsonaro é uma vítima nas circunstâncias.

Jair Bolsonaro também se manifestou à imprensa após a imposição de medidas cautelares, considerando a situação como uma “humilhação” e se defendendo ao afirmar que estava sendo penalizado por “falar a verdade”. Embora tenha admitido transferências financeiras para Eduardo e encontros com autoridades dos EUA, ele defendeu que essas ações eram legítimas. Além disso, expressou preocupação sobre o retorno de seu filho ao Brasil, afirmando que, se Eduardo voltasse, enfrentaria prisão.

Moraes listou dez ações que indicam os esforços dos Bolsonaros em violar a soberania e a independência do Judiciário. Entre os episódios, destacam-se:

  1. Postagem de Eduardo Bolsonaro: Ele compartilhou um vídeo em que um colega deputado sugere que as sanções contra Moraes seriam a única maneira de alinhar o Brasil ao Ocidente. Essa postagem se tornou parte da investigação sobre possíveis crimes relacionados ao deputado.

  2. Repostagem de mensagem de Trump: Jair Bolsonaro repostou uma declaração de Trump, que acusou o STF de perseguir Bolsonaro, o que foi interpretado pelo Supremo como uma tentativa de pressão sobre o Judiciário.

  3. Comemoração de encontro com autoridades americanas: O ex-presidente expressou satisfação após uma reunião com um conselheiro do Departamento de Estado dos EUA, alertando seu público sobre a necessidade de vigilância política e insinuando ações contra o STF.

  4. Eduardo pediu sanções a Moraes: O deputado solicitou publicamente que o governo dos EUA aplicasse sanções contra Moraes, utilizando uma legislação americana específica.

  5. Bolsonaro e tariffa imposta pelos EUA: O ex-presidente celebrou a tarifa imposta pelos EUA e os ataques direcionados ao STF.

  6. Eduardo reivindica responsabilidade pela tarifa: Ele afirmou que sua atuação na América levou ao aumento das tarifas, o que, na visão do STF, visaria criar uma crise no Brasil e afetar as relações diplomáticas.

  7. Compartilhamento de crítica de Trump ao STF: Bolsonaro divulgou um vídeo onde Trump criticava o STF, o que foi considerado pelo Supremo uma obstrução da investigação.

  8. Condições para sanções: Em entrevista, Jair Bolsonaro sugeriu que o fim das tarifas americanas dependeria de sua absolvição no Brasil.

  9. Transferência de R$ 2 milhões: Jair confirmou que enviou esse dinheiro para financiar as ações de Eduardo nos EUA.

  10. Eduardo publicou carta de justificativa: Ele postou uma carta escrita ao lado de Paulo Figueiredo, foragido da Justiça, relacionando sua atuação na imposição das tarifas pelos EUA.

Esses eventos refletem um período tenso na relação entre os ex-presidentes e o Judiciário, evidenciando preocupações sobre a manipulação política e tentativas de interferência externa no sistema judicial brasileiro.