
Em 2025, a violência de gênero e as operações policiais em São Paulo geraram preocupações crescentes. As polícias Civil e Militar já registraram 649 mortes em intervenções até outubro, um número que supera os óbitos de todo o ano anterior, que somaram 510. Esse cenário se agrava frente às operações na Favela do Moinho e à dispersão de pessoas na Cracolândia, onde há relatos de ações policiais agressivas.
Os dados de violência têm sido objeto de debate entre especialistas. Mauro Caseri, ouvidor das polícias de São Paulo, destacou que, neste ano, não ocorreram operações de alta letalidade, como as de 2024, que resultaram em muitas mortes na Baixada Santista. Ele expressou preocupação com a quantidade de óbitos em um contexto em que não houve ações tão intensas como antes. No total, 813 mortes foram registradas em 2024, e até outubro de 2025, o número já se aproximava desse total.
Além dos altos índices de letalidade policial, os crimes contra mulheres também aumentaram, com 12.198 casos de estupro e estupro de vulnerável até agora, comparado aos 12.079 de 2023. Os homicídios culposos e os registros de lesão corporal também tiveram aumento significativo sob a gestão do governador Tarcísio de Freitas, aliando-se a críticas sobre a eficácia do modelo de segurança adotado.
Organizações como a Coalizão Negra por Direitos afirmam que a política de segurança está resultando em um ambiente de violência e ineficácia, com o uso excessivo da força e pouca atenção às causas sociais da criminalidade. Para especialistas, esse aumento de violência reflete uma estratégia de segurança pública falha, focada na repressão, que ignora as raízes estruturais da violência, especialmente nas comunidades mais vulneráveis.
Adicionalmente, a instalação de câmeras corporais pela PM, uma abordagem inicialmente promissora, não avançou conforme esperado. O governo prometeu a instalação de 15 mil câmeras até o primeiro trimestre de 2026, mas até setembro de 2025, apenas 10.723 estavam em uso. O modelo de câmeras foi alterado, com críticas sobre a falta de controle e monitoramento que isso pode acarretar.
Em termos orçamentários, enquanto a Polícia Militar recebe a maior parte dos recursos, a insatisfação dentro da Polícia Civil se torna evidente, com demandas por valorização e melhoria nas condições de trabalho. Enquanto isso, a resistência do governo paulista em adotar diretrizes de segurança pública nacionais implica um distanciamento entre as polícias estadual e federal, dificultando a troca de informações e a implementação de estratégias coordenadas.
A gestão de segurança pública no estado enfrenta críticas sobre sua abordagem em relação à violência, principalmente a de gênero, e a necessidade de adaptação mais ampla em seus métodos e políticas. A Secretaria de Segurança Pública destacou que continua investindo em ações de proteção às mulheres e expandindo serviços, mas os desafios são não apenas estruturais, mas também culturais, indicando que a mera implementação de políticas não é suficiente sem um esforço real para modificar a realidade da violência e da criminalidade.

