Globo acompanha Gloria Perez após veto a novela sobre aborto

Gloria Perez decidiu se afastar da Globo após desentendimentos sobre sua nova novela, “Rosa dos Ventos”. No entanto, sua saída não significa que a relação com a emissora tenha chegado ao fim. Mesmo após pedir demissão, Perez continua a ser vista como uma figura importante nos bastidores da emissora, especialmente em um cenário onde há uma redução no número de roteiristas experientes que podem assumir produções de peso no horário nobre.

A autora deixou a Globo em um clima respeitoso, mantendo as portas abertas para um possível retorno no futuro. Essa situação é semelhante à de Aguinaldo Silva, que também se desligou da emissora, mas voltou anos depois e atualmente trabalha em uma nova novela chamada “Três Graças”.

O motivo principal da discordância entre Gloria Perez e a Globo foi o tema central da novela “Rosa dos Ventos”, que incluía um enredo sobre aborto forçado. Avaliações técnicas do projeto apontaram que o texto era considerado “pouco criativo” e apresentava “repetições de histórias recentes”. Além disso, o roteiro foi criticado por ser visto como uma extensão de tramas de produções anteriores como “Travessia” e “Mania de Você”.

Em entrevista, Gloria Perez esclareceu que a Globo não rejeitou completamente sua proposta, mas condicionou a aprovação à remoção do tema do aborto, que, segundo ela, era fundamental para a narrativa. Ela comparou essa exigência a “tirar o macaco do King Kong”, enfatizando que o aborto era o ponto de partida para toda a história e que as tramas paralelas dependiam desse elemento.

No enredo original, a protagonista Mabel, interpretada por Giovanna Antonelli, mudaria para o Rio Grande do Sul e enfrentaria várias questões pessoais e políticas. Seu marido, Murilo, vivido por Murilo Benício, se envolveria com Cibele, interpretada por Grazi Massafera, o que resultaria em uma gravidez indesejada. Para evitar complicações, Murilo tomaria uma atitude violenta e provocaria um aborto forçado em Cibele, dando início a uma trama de vingança e emoção.

Esse enredo não agradou a alguns profissionais responsáveis pela análise de projetos na emissora, que criticaram a abordagem do aborto como um crime relacionado à violência masculina, em vez de explorar debates mais contemporâneos sobre os direitos das mulheres.

Diante dessa situação, Gloria Perez decidiu não renovar seu contrato, encerrando assim uma parceria que começou em 1979 e se solidificou a partir de 1990. Apesar disso, há fontes dentro da emissora que não descartam a possibilidade de um retorno, dependendo do contexto e das necessidades futuras por roteiristas de renome.