Lucro de postos de gasolina em MS cresce 63% apesar da inflação

Aumento de Lucros nos Postos de Combustíveis em Mato Grosso do Sul

Os postos de combustíveis de Mato Grosso do Sul experimentaram um aumento significativo na margem de lucro da venda de gasolina comum, que subiu 63,63% entre 2022 e julho de 2025. Este crescimento é notável, especialmente ao se comparar à inflação do período, que foi de aproximadamente 20%. A análise dos dados foi realizada com informações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O aumento nos lucros é atribuído à baixa competitividade entre os preços dos combustíveis nos postos do estado. Na maioria das cidades, os preços praticados são muito semelhantes, dificultando a comparação por parte dos consumidores. A única exceção notável é a cidade de Corumbá, onde há uma maior variação nos preços, com um desvio-padrão de R$ 0,26.

Concorrência Limitada

A análise mostra que em locais como Campo Grande, Dourados e Três Lagoas, a diferença nos preços da gasolina é mínima, inferior a R$ 0,14 na maioria deles. Esse cenário indica que os postos tendem a seguir preços de referência sem muita variação, refletindo uma competição fraca no mercado.

Com relação a outros combustíveis, o etanol teve um incremento mais modesto na margem de lucro, de 19,12%, enquanto a margem do óleo diesel subiu 45,76% no mesmo período. O gás de cozinha, por sua vez, mostrou uma leve alta de apenas 4,76%.

Investigação da AGU

Para investigar essa situação, a Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou, no início de julho, a abertura de um inquérito. O objetivo é verificar se distribuidoras e postos de combustíveis estão repassando adequadamente os preços reduzidos das refinarias para os consumidores, ou se estão retendo a diferença para aumentar seus lucros. O pedido foi encaminhado à Polícia Federal e ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), entre outros órgãos.

Os dados analisados cobrem o período de janeiro de 2022 até o final de julho de 2025 e revelam que a margem de lucro nos postos do estado acompanhou uma tendência de alta observada a nível nacional, onde o aumento médio foi de 97%.

Análise de Preços

O economista Eugênio Pavão destacou que a fraqueza da concorrência no setor limita as opções do consumidor. Muitas vezes, ao tentar pesquisar o melhor preço, o cliente acaba não economizando, devido à pouca variação nos valores. Além disso, ele mencionou que os postos não oferecem a possibilidade de pechinchar, já que é um produto essencial e sem substitutos diretos.

Outros Combustíveis

No caso do etanol, a variação de preços entre os postos indica uma concorrência um pouco mais acirrada. Por exemplo, o desvio-padrão do etanol em Campo Grande foi de 0,165, o maior entre os tipos de combustíveis analisados. Isso sugere que os revendedores estão ajustando os preços com uma frequência maior, o que pode ser bom para os consumidores.

No diesel, a baixa variação de preços na capital, que ficou em 0,110, confirma a falta de concorrência, semelhante à gasolina. A situação do gás de cozinha também reflete um mercado estável, mas praticamente sem competição, com um desvio-padrão de apenas 0,022 em Campo Grande.

Conclusão

Diante dessas informações, fica evidente que a dinâmica do mercado de combustíveis em Mato Grosso do Sul tem apresentado desafios para o consumidor, que enfrenta preços altos sem muitas alternativas. Os órgãos competentes estão envolvidos em investigações para compreender melhor essa questão. O Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul foi contatado, mas não respondeu até o fechamento desta matéria.