
O fundo imobiliário IRDM11 registrou perdas de 9,72% desde o início de outubro, com uma queda repentina nos últimos dias, em função da proposta de fusão com o IRIM11, outro fundo gerido pela Iridium. Na última quinta-feira (17), o IRDM11 liderou as perdas na Bolsa, com uma desvalorização de 3,23%. Desde então, a queda acumulada chegou a 6,61%, resultando em uma perda adicional de 3,45% nesta semana.
A fusão entre os dois fundos é vista com cautela pelos investidores. A operação deve levar à liquidação do IRDM11, com seus ativos sendo completamente integrados ao IRIM11, que, por sua vez, realizará uma nova emissão de cotas. Essa mudança gerou preocupação entre os cotistas devido às incertezas relacionadas à operação e ao futuro do investimento.
### Objetivos da Fusão
Analistas apontam que a fusão pode ter como objetivo minimizar os impactos negativos de decisões passadas da Iridium, que incluem a aquisição de cotas de fundos considerados problemáticos, como DEVA11 e HCTR11. Esses ativos foram comprados a preços muito mais altos que o valor atual — por exemplo, o DEVA11 foi adquirido por R$ 101,34, enquanto hoje está avaliado em R$ 32,41. Uma venda desses ativos com prejuízo afetaria os dividendos distribuídos pelo fundo, já que os pagamentos são baseados no resultado em caixa. Um desligamento total de tais cotas poderia comprometer os dividendos por até nove meses. Com a fusão, a expectativa é que os ativos sejam avaliados pelo preço de mercado atual, facilitando uma melhor alocação dos recursos.
### Emissão de Novas Cotas
Antes da fusão, a Iridium convocou uma assembleia para aprovar a 13ª emissão de cotas do IRDM11, com o objetivo de levantar até R$ 120 milhões para adquirir um imóvel comercial. No entanto, essa proposta gerou críticas por estar fora do foco inicial do fundo. As principais objeções incluem a falta de informações sobre o imóvel a ser adquirido, a mudança de perfil de investimento do fundo num curto período e a possibilidade de diluição do valor da carteira antes mesmo da fusão ser concretizada.
Em comunicado, a empresa Wiser | BTG Pactual, que acompanha o fundo e possui cotas, anunciou que votará contra essa nova emissão. As preocupações incluem não apenas a diluição, mas também os riscos para a estratégia de recuperação que o fundo tem tentado implementar nos últimos meses.
### Questões de Governança
Um ponto adicional de desconforto entre os cotistas é a tentativa de introduzir uma taxa de performance no IRIM11, que foi aprovada em uma assembleia antes do anúncio da fusão. Como um único cotista possui mais de 70% das cotas do IRIM11, essa decisão levantou suspeitas de um possível conflito de interesse. Após a pressão do mercado, a Iridium decidiu cancelar a taxa, mas as questões de governança ainda continuam a ser discutidas.
O IRDM11 tem mais de 275 mil cotistas e cerca de R$ 3 bilhões em patrimônio líquido, enquanto o IRIM11 conta com apenas 2,5 mil investidores e um patrimônio de R$ 166 milhões. Essa disparidade levanta incertezas sobre como os interesses dos cotistas serão equilibrados na nova estrutura.
### Futuro Incerto
Embora a fusão tenha gerado críticas, alguns analistas ainda consideram que a integração pode ser uma solução viável para aumentar o valor dos fundos, contanto que haja mais transparência e que mudanças drásticas na política de investimentos sejam evitadas. O mercado agora aguarda a decisão da assembleia que irá avaliar a emissão de novas cotas do IRDM11 e os próximos passos da proposta de fusão. Até o momento, a única decisão tomada foi o cancelamento permanente da taxa de performance no IRIM11.