
Na manhã desta quarta-feira (23), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em São Paulo. Essa ação faz parte da Jornada Camponesa, uma mobilização que ocorre em mais de 20 estados do país. O objetivo principal é pressionar o governo federal a avançar nas questões relacionadas à reforma agrária.
De acordo com Delwek Matheus, membro da direção estadual do MST, essa semana é dedicada à luta dos trabalhadores rurais, especialmente porque julho é o mês em que se celebra o Dia dos Trabalhadores Rurais. O MST está mobilizado em várias regiões e, em São Paulo, o grupo afirma que permanecerá na sede do Incra até que haja progresso nas negociações sobre a reforma agrária.
Nesta quarta-feira, uma comitiva do MST se reuniu em Brasília com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. No entanto, a ausência do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, no encontro foi criticada pelos integrantes do movimento. “Estamos sugerindo que, a partir de quinta-feira (24), possamos iniciar um processo de negociação. Temos uma pauta específica para São Paulo e queremos uma reunião com o ministro para discutir compromissos concretos”, disse Matheus.
O foco do movimento é avançar na reforma agrária, principalmente no que diz respeito ao assentamento de famílias que ainda estão acampadas no estado. Além disso, o MST quer reforçar a união do movimento em todo o país e sua responsabilidade nas causas que afetam o povo.
Entre as principais demandas do MST estão a obtenção de terras, o assentamento de famílias acampadas e a criação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento dos assentamentos. O dirigente destacou que a reforma agrária está intimamente ligada à segurança alimentar da população. “Falar sobre a reforma agrária hoje é discutir a produção de alimentos saudáveis, o que pode atender à demanda da população e melhorar a oferta de alimentos”, explicou.
Na próxima sexta-feira (25), o MST realizará um ato em São Paulo onde lançará uma carta em defesa da soberania nacional e de um projeto popular para o país. Para Matheus, essa carta representa um posicionamento do movimento além da questão da reforma agrária. “A soberania do povo brasileiro é fundamental, e a carta reflete nossa defesa da autonomia do povo”, afirmou.
Essa mobilização também é uma resposta à ameaça dos Estados Unidos de taxar produtos brasileiros em 50% a partir de agosto. Segundo Matheus, há uma necessidade urgente de unidade entre as forças populares. “O MST acredita que, além da reforma agrária, temos um papel importante na luta pela soberania do nosso povo”, concluiu.
O movimento está intensificando suas ações em um momento em que a segurança alimentar e a soberania nacional são temas cada vez mais relevantes para a população.