Bolsa de Tóquio sobe 3,5% após acordo entre EUA e Japão

O índice Nikkei 225, da Bolsa de Tóquio, registrou um crescimento de 3,5% nesta quarta-feira, fechando aos 41.171,32 pontos. Essa valorização ocorreu após a divulgação de um acordo comercial entre Estados Unidos e Japão, no qual as tarifas de importação dos EUA sobre produtos japoneses foram reduzidas de 25% para 15%.

O otimismo se espalhou por outras bolsas asiáticas. O índice Hang Seng, de Hong Kong, subiu 1,4%, enquanto o índice Xangai Composto permaneceu praticamente estável, com uma leve alta de menos de 0,1%. Na Austrália, o índice S&P/ASX 200 ganhou 0,7%, e o Kospi, da Coreia do Sul, subiu 0,4%.

Além da redução das tarifas, o acordo estabelece um investimento japonês de US$ 550 bilhões (aproximadamente R$ 3,06 trilhões) na economia dos EUA. O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, destacou que o acordo é vantajoso para ambos os países. Já o negociador-chefe do Japão, Ryosei Akazawa, informou que conseguiu negociar a redução das tarifas sobre veículos, embora as taxas sobre aço e alumínio, que estão em 50%, não tenham sido alteradas. Akazawa também afirmou que irá tomar medidas para proteger as empresas japonesas afetadas por essas tarifas.

Outro ponto importante do acordo é a criação de um empreendimento conjunto com os EUA para a produção de Gás Natural Liquefeito (GNL) no Alasca, uma iniciativa que busca fortalecer a cooperação energética entre Japão e Estados Unidos. Além disso, o Japão concordou em aumentar os gastos com defesa relacionados a empresas americanas de US$ 14 bilhões para US$ 17 bilhões por ano.

O acordo inclui ainda compromissos do Japão de aumentar em 75% as compras de arroz dos EUA, adquirir US$ 8 bilhões em produtos agrícolas e comprar 100 aviões da fabricante Boeing.

A indústria automotiva do Japão é a principal beneficiada pelo novo acordo. Montadoras como Toyota e Honda viram suas ações subirem, com alta de 14% e 11%, respectivamente. A Mazda teve um crescimento de 17%, enquanto a Nissan registrou uma alta de 8%. Essas empresas são grandes exportadoras para o mercado americano e estavam enfrentando incertezas devido ao aumento das tarifas.

O presidente Donald Trump mencionou que o Japão se comprometeu a abrir seu mercado para os veículos e arroz americanos. Em 2024, os Estados Unidos enfrentaram um déficit comercial de US$ 69,4 bilhões com o Japão, motivado principalmente pelas importações de veículos e autopeças.

Outras empresas japonesas também se destacaram no mercado, como a Nippon Steel, que subiu 2,4% em meio a negociações para adquirir a americana U.S. Steel. A fabricante de jogos Nintendo aumentou 0,7%, enquanto a Sony teve um crescimento de 4,6%.

Os efeitos do acordo se refletiram nos mercados globais, com os futuros de índices americanos e as Bolsas da Europa reagindo positivamente, alimentando a esperança de acordos semelhantes com a União Europeia.

Analistas consideram o acordo um indicativo de que os EUA podem buscar negociações com outras economias, incluindo o bloco europeu. Tim Waterer, analista da Kohle Capital Markets, acredita que os acordos com Japão e Filipinas devem manter o mercado otimista, apesar de negociações mais lentas com a União Europeia e Coreia do Sul.

Quanto à Europa, Scott Bessent, Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, afirmou que as discussões com a União Europeia continuam em andamento, descartando ameaças de retaliação de alguns países do bloco como meras táticas de negociação. Ele destacou que a dificuldade principal reside na necessidade de consenso entre os 27 membros da União Europeia, o que torna os acordos mais lentos.

Além do Japão, os EUA também firmaram um acordo com as Filipinas, que inclui redução de tarifas e isenção de impostos sobre produtos filipinos exportados para os Estados Unidos.