Guerra comercial avança após Lula e Trump trocarem ameaças

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, apresentou uma leve alta de 0,04% na quinta-feira, fechando em 135.564,74 pontos. Esse resultado continua o movimento de recuperação após um período de quedas consecutivas.

A recuperação do índice foi favorecida pela decisão da Receita Federal de não cobrar retroativamente o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de instituições financeiras. Essa medida foi influenciada pela decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de manter o decreto presidencial que impede essa cobrança.

No cenário internacional, os dados econômicos dos Estados Unidos mostraram um desempenho forte, levando os índices S&P 500 e Nasdaq a atingirem novas máximas históricas. Esses dados são relevantes, pois influenciam as decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed) para setembro, gerando expectativas variadas sobre um possível corte de 25 pontos base nas taxas de juros ou a manutenção das taxas atuais.

No Brasil, a semana termina com uma agenda de indicadores econômicos mais fraca e o início do recesso parlamentar. Esse recesso ocorre em meio a tensões entre o governo e o Congresso, especialmente após o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao aumento do número de deputados e à continuidade do decreto do IOF.

Além disso, a relação entre Brasil e Estados Unidos sofreu uma nova reviravolta com o anúncio de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Essa questão deve ganhar destaque após a declaração de Lula em uma rede de TV americana, em que ele afirmou não querer ser refém dos Estados Unidos e desafiou a postura de Donald Trump, que, por sua vez, fez uma publicação rebatendo as críticas e reafirmando suas ameaças ao Brasil.

Manchetes do Dia

  • Empresas cogitam medidas legais contra tarifa imposta por Trump.
  • Divergências dentro do governo pressionam Lula em relação a uma nova lei que pode reduzir a proteção ambiental.
  • Lula levanta a possibilidade de taxar grandes empresas de tecnologia e faz um apelo ao nacionalismo em sua recente aparição na TV.
  • O ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta investigações da Polícia Federal, com determinação do Supremo Tribunal Federal de que ele use tornozeleira eletrônica.
  • O Tesouro Nacional deve continuar com um ritmo intenso e consideração de riscos nas emissões de títulos.
  • Diretor do FMI considera que a nova tarifa impactará de forma reduzida o PIB do Brasil.

Mercado Global

Na Europa, as bolsas de valores estão operando de forma estável, à espera de resultados corporativos e acompanhando as tensões comerciais entre a União Europeia e os Estados Unidos. O bloco europeu aprovou um novo pacote de sanções contra a Rússia, visando ações em retaliação à guerra na Ucrânia.

Na Ásia, os índices tiveram desempenho misto. O mercado na China teve ganhos, impulsionado por expectativas de maior regulação do governo sobre práticas comerciais, enquanto o índice japonês Nikkei registrou uma leve queda devido a perdas no setor eletrônico.

Em Nova York, os índices futuros estão subindo, refletindo a recuperação dos índices S&P 500 e Nasdaq após dados positivos sobre emprego e varejo.

Commodities

Os preços do petróleo estão subindo devido a interrupções de oferta causadas por ataques a oleodutos no Curdistão iraquiano. O barril de Brent está cotado a US$ 70,16, e o WTI a US$ 68,30.

O minério de ferro também fechou em alta na China, cotado a US$ 109,37 a tonelada, embora tenha mostrado queda em alguns contratos futuros.

Cenário Internacional e Nacional

Nos Estados Unidos, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei para regulamentar o mercado de stablecoins, criptomoedas lastreadas por ativos reais. O texto aguardará a sanção do presidente.

A Argentina, por sua vez, teve sua nota de crédito ajustada pela agência de classificação de risco Moody’s, passando de “Caa3” para “Caa1”, mesmo permanecendo no grau especulativo.

No Brasil, a agenda desta sexta-feira não traz eventos econômicos significativos, mas aguarda a divulgação de indicadores que possam impactar a política econômica, como a previsão de crescimento do PIB, que o FMI mantém em 2,3% para este ano.

Destaques no Mercado Corporativo

  • Netflix: Reportou lucro de US$ 3,12 bilhões no segundo trimestre, crescendo 45,5% em relação ao ano anterior.
  • Nvidia: Anunciou a retomada das vendas de seus chips H20 na China e uma exposição em Pequim.
  • Meta: Fechou um acordo para resolver um processo de US$ 8 bilhões relativo a violações de privacidade.
  • Cosan: Negou que esteja em negociação para vender a Moove à Vibra.
  • WEG: Anunciou a compra dos 49% restantes da PPI-Multitask, valor ainda não divulgado.
  • Santos Brasil: Teve mudanças em seu conselho após a aquisição de 47,9% pela CMA CGM, que planeja uma oferta pública de aquisição.