
Crescimento do PIB da China no Segundo Trimestre
O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 5,2% no segundo trimestre de 2023, atingindo a meta anual do governo chinês, que é de cerca de 5%. Esse dado foi divulgado pelo Escritório Nacional de Estatísticas na terça-feira, 15 de agosto. O crescimento superou levemente as expectativas do mercado, que previa uma alta de 5,1%. Isso indica uma certa resiliência da economia chinesa, mesmo diante das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos.
Porém, a expectativa para os próximos meses é menos otimista. Especialistas apontam que a guerra comercial em curso pode intensificar a desaceleração da economia, especialmente após a recente introdução de novas taxas sobre exportações.
Análise do Cenário Econômico
Shuang Ding, economista-chefe para a Grande China e Norte da Ásia em uma instituição financeira importante, destacou que, apesar do crescimento "melhor do que o esperado", o PIB da segunda maior economia do mundo enfrenta um futuro complicado. Parte do crescimento observado foi atribuída a um aumento antecipado nas exportações, como estratégia para evitar tarifas dos EUA, além de um aumento nos gastos do governo.
Na comparação com o primeiro trimestre, o crescimento do PIB chinês caiu de 5,4% para 5,2%. Quando analisado sazonalmente, o crescimento trimestral foi de 1,1%, ligeiramente abaixo de 1,2% do trimestre anterior. Para o ano de 2023, uma instituição de pesquisa econômica estima que o PIB da China possa crescer apenas 3,5%, valor que ficaria abaixo da meta oficial.
Indicadores de Junho Revelam Desaceleração
Dados de junho indicam um enfraquecimento da atividade econômica. A produção industrial do país teve um crescimento de 6,8%, o maior desde março. Em contrapartida, as vendas no varejo caíram para 4,8%, em relação a 6,4% em maio, atingindo o menor patamar desde o início do ano. Essa redução no consumo é vista como um dos principais riscos para a economia no segundo semestre.
Analistas afirmam que os esforços do governo para estimular o consumo, como programas de troca de bens usados por novos, estão perdendo eficácia.
Medidas do Governo Chinês
Para mitigar o impacto das tarifas dos EUA, o governo chinês adotou medidas econômicas. Em maio, o Banco Central da China reduziu as taxas de juros e injetou mais dinheiro no sistema financeiro. Além disso, houve um aumento nos investimentos em infraestrutura e subsídios ao consumo, além do relaxamento das políticas monetárias. Essas ações foram viabilizadas pelo espaço fiscal disponível.
Caso a atividade econômica continue a cair, especialistas acreditam que o governo pode aumentar seus gastos, mesmo que isso signifique um déficit maior.
Expectativas para o Futuro
Uma reunião importante do Politburo, órgão decisório do Partido Comunista da China em questões econômicas, está marcada para o fim de julho. Os investidores estão atentos a esse encontro na esperança de identificar sinais de novos estímulos econômicos ou alterações na política econômica.
De acordo com um economista de um banco de investimento, os dados do PIB fazem com que a urgência de implementar medidas amplas de estímulo diminua. As expectativas se voltam para ações mais específicas que visem suavizar a desaceleração no setor imobiliário e aliviar a pressão no mercado de trabalho.
Desafios Persistentes para a Economia
Apesar das iniciativas já realizadas, analistas alertam que essas medidas isoladamente podem não ser suficientes para superar a situação atual. O país enfrenta deflação, demanda interna fraca e uma queda nas exportações. Um economista destacou que os dados do PIB podem não refletir com precisão a força do crescimento, considerando a debilidade de indicadores como investimento e consumo.
Outro especialista apontou que, mesmo com resultados gerais que agradam as autoridades, alguns investidores podem ficar decepcionados pela falta de sinais de novos estímulos imediatos.