Cinco táticas de marketing em embalagens que você deve conhecer

Ao percorrer os corredores de um supermercado, o consumidor é bombardeado por diversas informações. As embalagens de produtos usam palavras como “Gourmet”, “Artesanal” e “Receita da Vovó” para chamar a atenção e transmitir a ideia de que aquele item é superior ou mais saudável, muitas vezes justificando um preço maior. No entanto, o que está escrito na parte frontal da embalagem nem sempre corresponde à realidade refletida na lista de ingredientes na parte de trás.

Um alerta importante: muitos termos usados nas embalagens não têm regulamentação específica no Brasil. Por exemplo, palavras como “Premium” e “Artesanal” podem ser utilizadas por grandes indústrias, mesmo que seus produtos não tenham sido feitos com métodos tradicionais ou em pequena escala. Isso cria uma percepção de valor que pode levar o consumidor a pagar mais por produtos que, em essência, são semelhantes a opções mais baratas.

Outro exemplo de marketing enganoso é o selo "Sem Glúten" em produtos como café. Este alimento é naturalmente livre de glúten, assim como arroz, milho e carnes. Portanto, a presença desse selo é irrelevante e serve apenas para atrair consumidores que buscam opções mais saudáveis, podendo fazê-los pagar mais sem necessidade. Fique atento a outras alegações semelhantes, como "sem colesterol" em óleos vegetais, que também são naturalmente livres desse composto.

Um jogo mais sofisticado de marketing é a "maquiagem da saúde", ou "health washing". Essa tática destaca qualidades positivas de um produto para esconder suas desvantagens. Barras de cereal, por exemplo, podem exibir na frente da embalagem informações como “Fonte de Fibras”, mas ao serem analisadas mais de perto, revelam altos níveis de açúcar ou gordura na lista de ingredientes. Essa estratégia pode levar o consumidor a acreditar que está fazendo escolhas saudáveis quando, na realidade, o produto é uma guloseima ultraprocessada.

A implementação da rotulagem nutricional frontal pela ANVISA trouxe uma ferramenta importante para os consumidores brasileiros no combate a essas práticas. Agora, produtos com excessos de açúcar, gordura saturada ou sódio trazem selos pretos que alertam rapidamente o comprador. Assim, mesmo que a embalagem destaque um benefício, os selos ajudam a oferecer uma visão mais clara sobre a qualidade do item.

Além disso, o tamanho da embalagem pode ser uma armadilha. O conceito conhecido como "slack-fill" refere-se ao espaço vazio em embalagens que pode enganar o consumidor, fazendo-o pensar que está levando mais produto. Essa tática é comum em sacos de batata frita, que muitas vezes parecem cheios, mas contêm uma quantidade significativa de ar para manter a crocância. A melhor maneira de evitar enganos é observar o peso líquido e comparar o preço por quilo ou litro ao escolher produtos.

Por fim, a chave para evitar ser enganado por embalagens é o conhecimento. O consumidor deve criar o hábito de analisar a parte de trás do pacote, verificando informações nutricionais e a lista de ingredientes. Aqui estão algumas dicas práticas para se tornar um consumidor mais consciente:

  1. Leia a lista de ingredientes: O primeiro item é o que está em maior quantidade. Se açúcar ou gordura estiverem no topo, desconfie.

  2. Verifique a tabela nutricional: Analise as quantidades de açúcares, gorduras saturadas e sódio por porção.

  3. Procure pelos selos da ANVISA: Os selos pretos indicam excesso de certos ingredientes, sendo uma ótima referência.

  4. Compare o peso líquido: Ignorar o tamanho da embalagem e focar no peso pode ajudar a fazer escolhas mais econômicas.

Com essas dicas em mente, os consumidores podem se proteger melhor contra as promessas exageradas e garantir que suas compras sejam realmente vantajosas.