
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou sobre a recente medida do governo dos Estados Unidos que impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Durante um evento realizado no Espírito Santo, Lula responsabilizou o ex-presidente Jair Bolsonaro pela situação, afirmando que sua administração contribuiu para esse tipo de retaliação.
Lula mencionou que Bolsonaro, atualmente respondendo a processos, teria enviado seu filho, Eduardo Bolsonaro, aos Estados Unidos para solicitar que o presidente Donald Trump dificultasse as relações comerciais entre os dois países. Um dia antes do anúncio da tarifa, Eduardo Bolsonaro publicou um vídeo nas redes sociais, indicando que novas ações estavam por vir e, após o anúncio, expressou gratidão a Trump pela decisão.
O presidente afirmou que Trump está “mal informado” em relação ao comércio entre os países e ressaltou que, na verdade, os Estados Unidos não têm déficit comercial com o Brasil. Ele destacou que a decisão americana foi baseada em informações incorretas e reiterou que o Judiciário brasileiro opera de forma independente, devendo Bolsonaro responder por suas ações.
Lula disse que o governo buscará dialogar com a Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a tarifa, mas se não houver resultados, o Brasil pode recorrer à política de reciprocidade, ou seja, impor suas próprias tarifas aos produtos dos Estados Unidos. O presidente garantiu que não haveria intimidações: “Ninguém colocará medo nesse país.”
Em um outro ponto do discurso, Lula participou do lançamento do Novo Acordo do Rio Doce, uma iniciativa focada na reparação das comunidades afetadas pelo desastre da Barragem do Fundão, em Mariana, Minas Gerais. Esse evento marca uma mudança significativa na abordagem em relação ao maior crime socioambiental do país, que completará dez anos em novembro.
Diferentemente dos acordos anteriores, que deixaram as decisões sobre indenizações nas mãos das mineradoras, o novo acordo promete R$ 132 bilhões em ações sob supervisão governamental, com a participação direta das vítimas. Lula afirmou que as comunidades estavam sendo enganadas há anos e que seu governo conseguiu fazer com que a mineradora Vale participasse das negociações sobre reparação.
Entre as novas medidas estão o reassentamento de comunidades e a criação de um conselho social para gerenciar parte dos recursos, uma demanda antiga dos atingidos. Também foi anunciado o início dos pagamentos do Programa de Transferência de Renda para agricultores familiares e pescadores, que beneficiarão aproximadamente 35,5 mil pessoas. Cada um receberá um salário mínimo e meio por mês durante 36 meses e, adicionalmente, um salário mínimo mensal por mais 12 meses, totalizando um investimento de R$ 3,7 bilhões.
Além disso, o evento incluiu o repasse de R$ 25,6 milhões para o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) em 49 municípios da Bacia do Rio Doce. Os recursos serão destinados a diversas iniciativas, incluindo contratação de profissionais e capacitação.
A região também será beneficiada com o Plano de Reestruturação da Gestão da Pesca e Aquicultura (PROPESCA), que investirá R$ 2,44 bilhões ao longo de 20 anos para a recuperação dos setores pesqueiro e aquícola. Por fim, foi aberto um edital para selecionar movimentos sociais e organizações da sociedade civil para integrar o futuro Conselho Federal de Participação Social da Bacia.