Crescimento da Venezuela supera o da Argentina em 2025, diz Cepal

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) apresentou recentemente um relatório que projeta um crescimento significativo da economia venezuelana para o ano de 2025. A expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) da Venezuela aumente em 6,5%, ficando em segundo lugar entre os países da região, atrás apenas da Guiana, que deve crescer 15,2%. Em comparação, a Argentina, governada pelo presidente Javier Milei, terá um crescimento projetado de 4,3%.

O documento faz parte da publicação anual “Visão geral preliminar das economias da América Latina e do Caribe”. Segundo a Cepal, a expectativa para a Venezuela em 2024 é de um crescimento mais modesto, de apenas 3%, enquanto a Argentina deve registrar um crescimento de 3,8%.

O relatório também indica que o Brasil deve crescer 2,5% em 2025, com projeções de 2% para 2026. A média de crescimento para toda a América Latina e Caribe, segundo a Cepal, é estimada em 2,4% para 2025 e 2,3% para 2026.

As discrepâncias no crescimento entre Argentina e Venezuela refletem as diferentes políticas adotadas por ambos os países, que enfrentaram crises econômicas profundas nos últimos anos. A Venezuela, por exemplo, lida com um bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos há uma década, o que tem dificultado suas vendas de petróleo, produto vital para sua economia. Esse bloqueio resultou em uma perda significativa de US$ 642 bilhões no PIB entre 2015 e 2022. Para dar uma ideia, o PIB da Venezuela em 2023 foi estimado em US$ 92,2 bilhões.

Por outro lado, a Argentina, que não enfrenta um bloqueio similar, também enfrenta sérios problemas sociais. O relatório “Insegurança alimentar entre crianças argentinas: um problema estrutural observado na situação atual” revela que cerca de 4,3 milhões de crianças no país vivem em insegurança alimentar em 2024, o que representa aproximadamente 35,5% das crianças argentinas. Destas, 16,5% enfrentam insegurança alimentar em nível grave.

No caso da Venezuela, a Organização das Nações Unidas (ONU) destaca que o país tem feito progressos em reduzir a subnutrição, com uma queda de 11,7% entre 2022 e 2024, retirando 3,3 milhões de pessoas da condição de fome, apesar das sanções e da diminuição da população.

Em um contexto político agitado, Javier Milei, presidente da Argentina, já anunciou que pretende romper relações diplomáticas com a Venezuela e se referiu a Nicolás Maduro, presidente venezuelano, como “ditador”. Milei também sugeriu que lideraria iniciativas para aumentar as sanções contra o governo venezuelano. Em resposta, Maduro criticou a eleição de Milei, sugerindo que ela representaria uma aliança com ideologias extremistas.

Além disso, a Casa Rosada, sede do governo argentino, cancelou a transmissão do canal Telesur, que é de origem venezuelana. Maduro comentou que a medida evidencia o temor de Milei em relação à emissora e afirmou que tentativas de censura não teriam sucesso.

A embaixada argentina na Venezuela se tornou um refúgio para seis opositores do governo de Maduro que alegam estar sendo perseguidos. Esses opositores são associados a grupos políticos de extrema direita. Desde março, a embaixada tem sido utilizada como asilo.

Recentemente, o governo brasileiro assumiu a representação diplomática da Argentina em Caracas. Contudo, a Venezuela suspendeu a custódia da embaixada em função da permanência dos venezuelanos exilados nas suas instalações.