Bolsonaro é investigado pela PF e usará tornozeleira eletrônica

Na manhã desta sexta-feira, 18 de agosto, a Polícia Federal cumpriu dois mandados de busca e apreensão contra o ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília. As ordens foram emitidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Além das buscas, foi determinado que Bolsonaro usará uma tornozeleira eletrônica e ficará proibido de acessar redes sociais. Ele também deverá cumprir recolhimento domiciliar das 19h às 7h, incluindo os finais de semana.

De acordo com a Polícia Federal, Bolsonaro é suspeito de atuar para dificultar o julgamento de um processo que investiga uma possível tentativa de golpe de Estado. Entre as alegações estão coação durante o processo, obstrução de Justiça e ataque à soberania nacional.

A defesa de Bolsonaro reagiu com surpresa e indignação às novas restrições. Os advogados consideraram as medidas severas e ressaltaram que o ex-presidente sempre cumpriu as determinações do Judiciário. Eles também informaram que ainda não tiveram acesso completo à decisão judicial e prometeram se manifestar no momento apropriado.

Além das restrições de comunicação, Bolsonaro não poderá manter contato com outros investigados. Isso inclui seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, além de embaixadores e diplomatas estrangeiros. Essas medidas visam evitar que ele tente interferir nas investigações em curso pelo STF.

Durante a operação, a Polícia Federal realizou buscas na casa de Bolsonaro e em endereços ligados ao seu partido, o PL. Dentro da residência do ex-presidente, foram encontrados aproximadamente 14 mil dólares em dinheiro. No entanto, a presença dessa quantia não é, por si só, uma evidência de crime.

Essa ação ocorreu em um momento de tensão nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, e analistas acreditam que isso pode influenciar as negociações entre os dois países. O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, apontou que o episódio pode intensificar o apoio do presidente norte-americano, Donald Trump, a Bolsonaro, que ele chamou de injustiçado. Cruz destacou que essa situação poderia impactar setores sensíveis ao comércio exterior, como o agronegócio e a indústria aeronáutica, aumentando a pressão sobre as ações dessas áreas na B3, a bolsa de valores brasileira.

Em relação às próximas eleições, a situação jurídica de Bolsonaro poderá afetar a disputa de 2026. Embora atualmente ele esteja inelegível, um desfecho mais rápido no processo judicial poderia reunir a centro-direita em torno de um novo candidato, aumentando as chances de um nome forte surgir para concorrer à Presidência. Cruz acredita que um avanço no julgamento até setembro seria benéfico para a organização política desse grupo.