
Protesto em São Paulo Marca 90 Dias do Assassinato de Ambulante Senegalês
Na sexta-feira, 11 de agosto, um protesto ocorreu nas ruas do Brás, em São Paulo, em memória do ambulante senegalês Ngagne Mbaye, que foi assassinado por um policial militar há 90 dias. Os manifestantes pediam o fim da Operação Delegada, um programa que permite que policiais atuem na fiscalização do comércio popular durante seu tempo de folga.
Desde o crime, muitos ambulantes relataram um aumento na opressão policial na região, considerando que enfrentam ataques de racismo e xenofobia, além de episódios de roubo e extorsão por parte da polícia. Os trabalhadores ambulantes afirmam que a abordagem da polícia tem se tornado cada vez mais agressiva, dificultando sua luta diária por sustento.
Meissa Fall, amigo próximo de Ngagne, discursou durante o ato, lembrando a vida e a luta do colega. Ele enfatizou que muitos senegaleses escolhem o Brasil com esperança de uma vida melhor e ressaltou a dor que sente desde a morte de Ngagne. "Todo dia traz confusão, mas não é por nossa causa. É pela polícia", afirmou, recebendo aplausos dos presentes. Ele descreveu como a polícia frequentemente se dirige aos ambulantes de maneira hostil, fazendo comentários racistas e ameaçando-os.
O protesto começou na Rua Joaquim Nabuco, onde Ngagne foi morto, e seguiu até outros pontos do Brás. Aproximadamente 150 policiais acompanharam a manifestação. Cartazes exibidos pelos participantes continham mensagens como "trabalhador não é caso de polícia", "vidas imigrantes importam" e "90 dias sem justiça".
Diversas organizações participaram do ato, incluindo o Fórum de Ambulantes, associações de imigrantes e movimentos de direitos humanos. Também estiveram presentes parlamentares como a vereadora Luana Alves e a deputada estadual Ediane Maria, ambos do PSOL, além de representantes do mandato do vereador Eduardo Suplicy, do PT.
Os protestantes pediram mudanças nas políticas de segurança pública, reivindicando proteção aos trabalhadores ambulantes e um fim à violência policial, reforçando que a luta por dignidade no trabalho é uma questão crucial para muitos que dependem dessa fonte de sustento.