Comunidade LGBT+ em SP pede envelhecimento digno e respeito

Neste domingo (22), a Avenida Paulista, em São Paulo, foi palco da 29ª Parada do Orgulho LGBT+. O evento, conhecido por atrair uma grande multidão, contou com mais de dez trios elétricos que percorreram boa parte da famosa avenida. O tema deste ano foi “memória, resistência e futuro”, com foco na importância do envelhecimento dentro da comunidade LGBT+ e discussões sobre cuidados, dignidade e respeito.

A festa começou por volta das 10h com a drag queen Helena Black, que se apresentou no primeiro trio elétrico, acompanhada por membros da Associação EternamenteSOU. Essa organização é voltada para atender pessoas idosas LGBT+. Helena e os representantes fizeram um agradecimento ao tema do evento, enfatizando a luta por políticas públicas e suporte para aqueles com mais de 50 anos.

O ativista e escritor João Silvério Trevisan, de 80 anos, também esteve presente e recebeu calorosos aplausos do público. Em seu discurso, ele refletiu sobre momentos difíceis que viveu, como a ditadura militar e a epidemia de HIV/Aids. Trevisan fez um alerta sobre os desafios atuais, mencionando o ressurgimento de ideias fascistas e a necessidade de uma mobilização contra essa ameaça. “Há uma muralha a quebrar”, afirmou.

Entre os participantes da parada estava Tarsila Rennier, uma mulher transexual que, embora tenha frequentado o evento por quatro anos, trabalhou na organização de um dos trios pela primeira vez. Tarsila expressou seu orgulho pelo tema, destacando que o envelhecimento deve ser um momento em que todas as mulheres, incluindo as trans e travestis, possam viver com dignidade e respeito, sem sofrer discriminação.

A qualidade de vida no envelhecimento foi uma pauta abordada por representantes da União Geral de Trabalhadores (UGT). Durante o evento, eles ressaltaram a necessidade de acabar com a escala de trabalho 6×1, que, segundo eles, compromete a saúde e bem-estar dos trabalhadores. O presidente do sindicato da construção civil, Antônio Ramalho, parabenizou a deputada federal Érika Hilton por seu esforço em promover discussões sobre a redução dessa carga horária. “Aqui todos são trabalhadores, e ninguém suporta trabalhar tanto”, declarou.

Um grande banner estendido no chão, apoiado pela UGT e pelo sindicato dos comerciários, trouxe a mensagem: “Fim da escala 6×1. Você merece tempo para viver!”, sublinhando a conexão entre as lutas pelos direitos trabalhistas e da comunidade LGBT+. O ativista Wagner Fernandes, presente na mobilização, destacou que a qualidade de vida é essencial, especialmente para os jovens trabalhadores do comércio, que estariam adoecendo devido às longas jornadas de trabalho.

Diversos parlamentares se manifestaram durante a parada, ressaltando a importância do evento para a defesa dos direitos LGBT+ no país. O vereador Nabil Bonduki (PT) e a deputada Beth Sahão (PT) foram alguns dos que se pronunciaram, ressaltando a dignidade dos trabalhadores e a relevância do reconhecimento social das lutas da comunidade.

A coordenadora municipal da diversidade, Leo Áquila, enfatizou a importância de se sentir reconhecido na sociedade: “Nós somos corpos importantes e que contribuímos com nossos impostos para que a sociedade exista e não vamos suportar invalidação.” A resposta do público foi calorosa, marcada pelo som dos leques, que acompanhava os discursos e ecoava pela Avenida Paulista, celebrando a luta por direitos e respeito.